Decisão do Supremo sobre bets deve aliviar bolso dos mais pobres

A audiência pública realizada nesta segunda, 11, no Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o mercado de apostas online trouxe à tona questões sociais e econômicas que cercam essa nova e crescente prática no Brasil. Convocada pelo ministro Luiz Fux, a reunião tem a participação de autoridades, especialistas e representantes do governo para debater o impacto das apostas no cotidiano dos brasileiros, especialmente da faixa de baixa renda.

Durante o encontro, a ministro dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, chamou a atenção para o impacto das apostas nos lares mais pobres, criticando a forma como o jogo tem se infiltrado na vida daqueles que recebem benefícios como o Bolsa Família. “O bolso do brasileiro virou um verdadeiro cassino”, declarou, ressaltando que as promessas de enriquecimento rápido acabam explorando aqueles que, muitas vezes, depositam suas esperanças em chances mínimas de ganho.

O debate vai além das questões econômicas, pois envolve temas como a responsabilidade social, a regulação e o controle dos meios de comunicação que promovem o setor de apostas. Muitos argumentam que a publicidade excessiva é direcionada de forma desproporcional àqueles que veem nas apostas uma saída para problemas financeiros imediatos, mas que, na prática, podem mergulhá-los ainda mais no endividamento.

Esse tema, debatido com veemência no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, reflete um dos grandes desafios do país: equilibrar o direito ao entretenimento com a proteção dos grupos mais frágeis da sociedade, garantindo que práticas como as apostas online sejam acessíveis de fato, mas sem implicar em deixar as panelas vazias diante da perspectiva de ganhar um incerto dinheiro fácil.