A defesa do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró criou o maior rebuliço nos meios políticos nesta segunda-feira 26. Por volta das 16 horas, anunciou a inclusão da presidente Dilma Rousseff no rol de testemunhas de defesa do seu cliente. Às 17h15, porém, houve um recuo estratégico.
Apesar disso, foi mantido o nome de José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, como testemunha no processo a que Cerveró responde por suposto recebimento de propina quando era diretor da empresa e desistiu do pedido feito mais cedo para que a presidente Dilma Rousseff também fosse intimada.
O ex-diretor nega as acusações e, em defesa encaminhada por escrito à Justiça, seu advogado pede sua absolvição e extinção do processo. Argumenta também que a Justiça Federal do Paraná é incompetente para julgar o caso porque, segundo o Ministério Público Federal, os crimes teriam acontecido no Rio de Janeiro.
A defesa de Cerveró havia pedido que a presidente fosse intimada como uma de sua testemunhas, mas enviou outro pedido à Justiça Federal do Paraná desistindo do pedido alegando que a contratação dos navios-sonda foi tomada diretamente pela diretoria da Petrobras, sem passar pelo Conselho de Administração da Petrobras, presidido por Dilma entre 2003 e 2010.
Já Gabrielli, que presidiu a estatal entre 2005 e 2012, foi indicado como testemunha junto a outras sete pessoas.
Cerveró está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde 14 de janeiro. O Ministério Público pediu sua prisão por entender que o ex-diretor seguiria cometendo crimes ao fazer transferências patrimoniais no que seria, de acordo com a Procuradoria, uma manobra para ocultar recursos de origem ilícita.
A Justiça já denunciou 39 pessoas na operação Lava Jato. Além de Cerveró, foram denunciados o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e 23 pessoas ligadas a seis das maiores empreiteiras do Brasil.
Segundo depoimento feito à Justiça por Costa, que assinou acordo de delação premiada em troca de redução da pena, as empeiteiras teriam formado um cartel nos contratos com a Petrobras, que seriam firmados com sobrepreço.
Em troca, diretores da estatal, operadores do esquema políticos e partidos receberiam propina. Entre os partidos citados por Costa em seu depoimento estão PT, PP e PMDB.
A Procuradoria-Geral da República montou uma força-tarefa para analisar o envolvimento de políticos com prerrogativa de foro junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o procurador-geral, Rodrigo Janot, só deve apresentar eventuais denúncias ao Supremo após a volta do recesso do Judiciário em fevereiro.