Até onde vai a busca pelo amor verdadeiro? E ele existe de fato? A procura desenfreada por um parceiro que se encaixe em nossos sonhos pode, às vezes, ser apenas uma válvula de escape para um medo que insiste em bater à porta, com maior ou menor força – o medo de ficar só e ter de encarar a própria realidade
Em Deixe a Luz do Sol Entrar, longa baseado no romance “Fragmentos de um Discurso Amoroso”, de Roland Barthes, a diretora Claire Denis, uma das mais importantes do atual cinema francês, esmiúça o tema tentando encontrar um equilíbrio entre a carência infantil e o fardo existencial de sua protagonista, a frágil e inconstante Isabelle.
Quem dá vida à personagem é a atriz Juliette Binoche. Artista plástica parisiense, a mulher, que vive em um ambiente extremamente intelectualizado, é divorciada e tem uma filha de 10 anos para criar. Mas suas preocupações são outras. Ela pula de parceiro em parceiro em busca de um amor que seja digno de sua atenção.
Assim, ela se envolve com um banqueiro que não vai se separar da mulher para que fiquem juntos. Depois, com um ator excêntrico e individualista. Os perfis dos homens com os quais se relaciona não seguem nenhum tipo de padrão. Mas isso não significa que o filme não tenha reviravoltas.
Claire Denis dá um ritmo interessante à produção, marcada pelo excesso proposital de diálogos. São nessas conversas – algumas realmente muito boas – que vamos descobrindo as fraquezas e a intensidade de Isabelle.