Marta Nobre
Além de denunciar a conta corrente do “Amigo” (o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva) no setor de propinas da empreiteira, o empresário Marcelo Odebrecht, para aliviar a pena que lhe será imposta, disse outras coisas “de arrepiar”, de acordo com versão de influentes personagens que negociaram a delação premiada.
Na pior das hipóteses, segundo analistas políticos, Odebrecht conseguirá ganhar liberdade a curto prazo e ceder sua cela em Curitiba para Lula.
A verdade é que a quarta-feira, 26, amanheceu espalhando estilhaços de bombas para todos os lados. As delações em curso “vão mandar Lula para a cadeia”, sugeriu o Antagonista, sobre reportagem da Folha de S. Paulo. Já o Valor Econômico, uma parceria Folha e O Globo, sustenta que “os relatos da colaboração de Marcelo Odebrecht são os que mais implicam políticos de PMDB, PSDB e PT”.
O problema, porém, não acaba aí. Outros executivos da Odebrecht também denunciaram Lula. Uma versão divulgada pela Folha de S. Paulo revela que Alexandrino Alencar “entregou informações sobre a reforma do sítio em Atibaia e sobre as viagens que fez com Lula para países da África e América Latina”.
“Alencar é considerado um personagem-chave nas investigações sobre Lula por causa da amizade que manteve com o ex-presidente (…). Na sua proposta de delação, porém, Alencar narra fatos sobre a reforma após a saída de Lula da Presidência. O começo da obra será narrado por outro delator da Odebrecht”, diz o jornal paulista.
Na Força Tarefa da Lava Jato os indícios são de que Marcelo Odebrecht, Emilio Odebrecht, Pedro Novis, Alexandrino Alencar e outros executivos de empreiteiras decidiram falar de uma vez, e a lista de acusadores de Lula aumenta sem parar.
Procurado para falar sobre as “novas versões” de Alexandrino Alencar, o ex-presidente ficou em silêncio. Mas, em nota, o Instituto Lula respondeu que “a defesa do ex-presidente já entrou com pedido de investigação na PGR sobre mudança de versões em duas tratativas de delação –as de Alexandrino Alencar e Léo Pinheiro – pelo risco de coação pelos investigadores para obterem versões contrárias ao ex-presidente, e pela perda do princípio da voluntariedade, o que tornaria tais delações nulas”.