O advogado José Luís Oliveira Lima, que defende o diretor de Óleo e Gás da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, confirmou nesta terça-feira que seu cliente afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que pagou propina ao esquema de corrupção na Petrobras. Fonseca e outros 22 executivos foram presos na última sexta-feira na sétima fase da Operação Lava Jato.
De acordo com Lima, Fonseca entregou o dinheiro – que seria enviado ao Partido Progressista (PP) – depois de ser extorquido pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, que chefiavam o esquema e fizeram acordo de delação premiada no processo.
“(Ele foi vítima) de crime de extorsão e de concussão. Foi isso o que o meu cliente, com todas as letras, disse perante a autoridade policial. Ele disse que todos os contratos obtidos pela empresa que ele representa foram obtidos dentro da lei e que, após ele receber esses contratos, após ele ganhar licitamente de maneira correta esses contratos, ele foi procurado e, aí sim, foi vítima de concussão e do crime de extorsão”, afirmou Lima em visita à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde estão os presos da Operação Lava Jato.
O advogado disse ainda que Fonseca já aceitou participar de uma eventual acareação com Costa e Youssef e aproveitou para ironizar os delatores. “Ele se coloca à disposição da autoridade policial e de qualquer autoridade para fazer uma acareação com o senhor Paulo Roberto e com o senhor Alberto Youssef, que estão longe de ser a Madre Teresa de Calcutá.”
Questionado sobre o motivo pelo qual Fonseca não denunciou a extorsão, o advogado devolveu com outra pergunta e disse que seu cliente foi ameaçado: “Você coloca 10 mil famílias na rua? A represália é textual, é afirmada. Para você ter um crime de concussão e extorsão há a necessidade de que a pessoa te ameace, que ela faça uma coação, e a coação foi nesse sentido”, afirmou, querendo dizer uma denúncia prejudicaria os 10 mil funcionários da Galvão Engenharia.
Batizada Juízo Final, a sétima fase da Operação Lava Jato investiga denúncias de crimes cometidos por funcionários de empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras.
Dos 23 executivos presos na sétima fase da operação, batizada de Juízo Final, ao menos 18 já foram ouvidos, e a expectativa da Polícia Federal é encerrar hoje essa fase de depoimentos. Isso porque, do total de presos, seis estão em regime de prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo prazo) e 17 estão em prisão temporária, com duração de cinco dias. Como as detenções ocorreram na sexta-feira, o prazo das prisões temporárias acaba à meia-noite desta terça-feira.
A Polícia Federal ainda não informou se tentará renovar as prisões ou transformá-las em preventivas, mas os advogados de alguns presos estão confiantes.
“Os nossos clientes responderam, sem exceção, a todas as perguntas que lhes foram formuladas. Espero que, com isso, possam ter cessada a prisão temporária que recai sobre eles. Todas as perguntas foram respondidas, de foram clara e franca, e por isso nós esperamos que eles sejam, como consequência, colocados em liberdade”, disse o advogado Alberto Toron, que defende funcionários da UTC – o presidente Ricardo Ribeiro Pessoa; o diretor financeiro da UTC Participações Walmir Pinheiro Santana; e o auxiliar Edinaldo Alves da Silva.