A Operação Alabama (uma confraria dentro da Polícia Federal que faz um trabalho paralelo, informal, de segurança de Lula, à revelia do comando da Corporação) não para de trabalhar nem aos domingos, quando seus membros deveriam curtir, como todo mortal, momentos de sweet home. E esse grupo decidiu revelar mais um detalhe do que vem acontecendo dentro da PF. O chefe da Equipe de Proteção de Lula, delegado federal Alexsander Castro Oliveira, estaria vivendo um verdadeiro dilema: pronunciar-se ou não sobre o fato de o presidente Jair Bolsonaro associar constantemente o candidato adversário e líder nas pesquisas, ao Primeiro Comando da Capital. O PCC é a maior organização criminosa do país.
A facção criminosa, fundada em 1993 no Piranhão, então o presídio mais seguro de São Paulo, surgiu para vingar o massacre do Carandiru. Liderado por Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, atualmente isolado na Penitenciária Federal de Porto Velho, o PCC foi citado numa conversa telefônica interceptada em abril de 2019 de dentro da cadeia, onde o preso Alexsandro Pereira, conhecido como Elias, se queixa do papel do então ministro da Justiça, Sergio Moro, na remoção dos líderes que estavam presos em Presidente Venceslau.
Ouve-se na gravação que “esse Moro aí, esse cara é um filha da puta, mano. Ele veio pra atrasar. Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nóis tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nóis cabuloso…”. O Partido dos Trabalhadores alega ser algo requentado do tempo em que era perseguido por Sérgio Moro. Uma fala isolada sem qualquer comprovação e, como de costume, colocada em evidência pelo então ora juiz e posteriormente ora ministro para prejudicar a esquerda brasileira.
Bolsonaro utiliza tal diálogo para atacar Lula com ironias por vezes indecifráveis: “É o grupo praticante de atividades ilícitas coordenadas denominado pela 15ª e 3ª letra do alfabeto com saudades do grupo do animal invertebrado cefalópode pertencente ao filo dos moluscos” vez que fora proibido por Alexandre de Moraes de fazer associação de Lula e do PT à morte de Celso Daniel e ao PCC. No sábado (20), a ministra do TSE Maria Claudia Bucchianeri admitiu em decisão monocrática, que as ilações prejudicam a campanha do PT, porém divulgam conversa que realmente fora interceptada apesar do seu contexto não estar confirmado, logo não poderia determinar que fossem apagadas.
Alexsander, assim como os demais coordenadores da equipe de segurança de Lula na PF, acumula atualmente o cargo de confiança no Governo Federal de Coordenador de Repressão a Crimes Violentos da Coordenação-Geral de Polícia de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal. Não bastasse isso, ele é o principal professor da Academia Nacional de Polícia sobre facções criminosas.
A Polícia Federal informa que a escolha de Alexsander foi do Partido dos Trabalhadores, algo que não se confirma nos bastidores. Contudo, o chefe da equipe estaria envergonhado consigo mesmo, a ponto de não conseguir olhar-se no espelho; teria chegado a admitir, em grupos de delegados federais, que deveria se pronunciar sobre o assunto, já que é a maior autoridade em facções criminosas, tendo inclusive investigado o PCC em operações policiais.
Certamente ele sabe se existe envolvimento do PCC com partidos políticos. E sua condição de chefe da segurança daquele que vem sendo acusado pelo próprio Presidente da República não é uma posição muito confortável. O dilema acabará quando for martelado na cabeça dele quantas vezes forem necessárias: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.