A Polícia Civil de São Paulo informou nesta quinta-feira já ter identificado e fichado ao menos 300 black blocs que teriam atuado em protestos na capital paulista desde o final de 2013. A informação é do vice-delegado geral da corporação, Wagner Giudice, conforme o qual “não há nenhum indício” de pagamento a integrantes dessas manifestações – como alegado, por exemplo, em relação a black blocs do Rio.
De acordo com Giudice, que também dirige o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o inquérito que apura a ação do Black Bloc em São Paulo identificou que os 300 investigados pelo órgão possuem “liderança difusa” e “um perfil muito diverso”.
“Existe uma liderança difusa; é uma molecada que fala pela internet, através de jogos, inclusive, e principalmente pelo Facebook – que foi notificado há quatro meses para nos informar quem são os donos das páginas (vinculadas aos perfis do Black Bloc), mas alega obedecer às leis americanas, não as brasileiras, para resistir bravamente a responder. Isso está travando nossa investigação, porque é dali que saem comandos para os diversos ataques”, afirmou o delegado.
Para Giudice, que ano passado comparou a ação dos black bocs a criminosos, é necessário “responsabilizá-los como associação criminosa, tal qual roubo a banco”, uma vez que “planejam a ação e a executam”.
“Mas são pessoas de pouca formação política, de história; às vezes, mal sabem por que estão ali”, comentou. Sobre indício de pagamento para participação em protestos, o delegado refutou a possibilidade: “Ainda não conseguimos detectar esse tipo de evento, nem sei se essa alegação usada no Rio é verdadeira. Sei de grupos que se organizaram para chegar junto em protestos, mas que tenham recebido subsídio de entidade, nenhuma pessoa confirmou que aconteça. Isso (a informação sobre pagamento) foi uma surpresa para mim”, admitiu.
Ao lado do comandante-geral da PM paulista, Benedito Meira, o diretor do Deic participou de uma palestra sobre rolezinhos pelo 1º Fórum Brasileiro de Shoppings Centers, realizado nesta quinta-feira em São Paulo. Na ocasião, Giudice afastou a hipótese de ação dos black blocs nos rolezinhos.
– Não notei essa tendência de black blocs em shoppings, nem pelas conversas (rastreadas) pela internet, nem pelas pessoas com quem eu falei”, afirmou o delegado, que justificou: “Porque os shoppings têm saídas e entradas estreitas e muitas câmeras. Nesse ambiente, os black blocs seriam muito mais facilmente identificados”.