Notibras

Delúbio volta aguerrido para resgatar PT e levar Lula ao tetra

A sapiência popular é algo da qual nenhum ser humano deve duvidar. Em se tratando de Brasil, ela é ainda mais eloquente. Os ditados vindos do povo são justos e de valia inquestionável. Por exemplo, quem, como Luiz Inácio Lula da Silva, nunca pronunciou aquele velho adágio quem com ferro fere com ferro será ferido. A profecia foi feita em outubro do ano passado, quando Lula venceu com relativa tranquilidade seu algoz de décadas. A vitória do petismo representou a ascensão de um suposto e inocentado “ladrão” e desmascarou o mais cruel dos honestos que o Brasil já teve. Em síntese, a mentira sucumbiu à verdade de forma absoluta.

Parte da história do país, a vitoriosa trajetória do Partido dos Trabalhadores é sinônimo de ódio, perseguição e, por consequência, muitas injustiças. A pior delas vitimou Lula que, com apoio do povo e da Justiça legalista, deu a volta por cima e alcançou um terceiro mandato como presidente da República, vencendo o que de pior os brasileiros já tiveram em termos de política e de união entre políticos do mal e de representantes mal-intencionados do Poder Judiciário. Muitos outros homens públicos vinculados à luta petista viveram os horrores da importunação rasa e mentirosa. Notório ex-tesoureiro do partido, o professor e sindicalista Delúbio Soares foi um deles.

Alvo de investigações durante o Mensalão e na Operação Lava Jato, Delúbio foi inocentado das duas acusações, consideradas por ele como “farsas” pelo grupo conservador ultraliberal que fez de tudo para retomar o poder no Brasil, inclusive manchando a imagem do país no exterior com a barbárie do 8 de janeiro. Não conseguiram executar o golpe contra a democracia, da mesma forma que não conseguirão macular o nome de pessoas que, ao contrário dos golpistas revoltosos e derrotados, sempre lutaram digna e coerentemente a favor de um Brasil justo, igualitário e democrático.

Mais uma vez refiromo-nos aos ditados populares para justificar o que os patriotas de araque fizeram e fazem para “queimar” destacados líderes e vanguardistas do PT, entre eles Lula, Delúbio, Jaques Wagner, Fernando Haddad, José Dirceu e Dilma Rousseff. Numa situação normal, quem é visto não é lembrado. Para a turma do golpismo, no entanto, vale exatamente a máxima inversa: quem é visto demais pode (e deve) ser perseguido. O que os defensores do ódio esquecem é que a perseguição e a covardia são as armas dos pobres de espírito. Na verdade, nada mais é do que uma homenagem que o invejoso presta a quem ele inveja. O melhor de tudo é que, quando a perseguição vem de todos os lados, o socorro vem de cima.

E chegou mais rápido do que o próprio Delúbio imaginava. Tanto quanto Lula, ele sofreu com numerosas injustiças, mas experimentou a sensação de expressiva vitória em maio deste ano, quando o Superior Tribunal de Justiça anulou a condenação da 13ª Vara Federal de Curitiba, sob a alegação de que o juiz responsável pelo processo não tinha competência para julgá-lo. Só para avivar a memória dos esquecidos, o magistrado que se arvorou a condenar Luiz Inácio e Delúbio Soares é o atual senador Sérgio Moro, ex-ministro de Jair Messias Bolsonaro, militante político e membro da bancada que pensa em tudo, menos no Brasil. São os falsos moralistas que não foram eleitos para isso, mas querem o comando da nação. Por conta da parcialidade e dos exageros cometidos como juiz, ele está há um passo do cadafalso.

Muito mais vítima do que “orientador” de malfeitos, Delúbio está de volta ao cenário político e disposto a trabalhar dobrado para reeleger Lula em 2026. De tri a tetra. Durante um recente debate nacional do PT, o ex-tesoureiro da legenda se colocou à disposição do partido: “Quero falar com as pessoas. Como agora tenho tempo, vou a todos os lugares. Cidades médias e cidades pequenas”.

Para os que não o conhecem, não se trata de um novo Delúbio. É o mesmo militante de antes. A diferença é que agora ele sabe que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Nessa caminhada, Delúbio estará em Vitória, Espírito Santo, no dia 11. O fundador do Partido dos Trabalhadores vai colocar na mesa de discussão a utilização da justiça na disputa política, as fake news, lawfare e como enfrentar os desafios que estão no horizonte do governo Lula. Ele promove a volta do PT aguerrido e o caminho para o fortalecimento da legenda. Essas rodas de conversa, como ele mesmo diz, servem para resgatar a memória e a história de petistas históricos, cujas vidas se confundem com a trajetória do partido. Os desafios do futuro do Brasil, costuma enfatizar Delúbio Soares, só serão superados avançando na luta pelos direitos sociais, políticos e de organização da classe trabalhadora.

Réu sem crime, longe de pensar em poder, sem rancor ou raiva pelo “escanteamento” temporário no partido, Delúbio Soares quer somente mostrar ao Brasil e ao povo brasileiro sua vocação para as causas sociais e para a luta pelas liberdades democráticas. Força e coragem não lhe faltam. Por fim, vale lembrar que nem tudo que reluz é ouro, ou seja, é preciso conhecer melhor uma pessoa para saber qual é o seu caráter. Para bom entendedor, meia palavra basta.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras
**Colaborou José Seabra

Sair da versão mobile