Imagine se um vírus fosse uma pessoa. Agora imagine que essa pessoa é uma velha senhora à caminho de sua cidade. O que você faria? Esse é o argumento inicial da opereta “A Peste” com música e libreto de Cyro Delvizio – um dos mais destacados violonistas, compositores e pesquisadores de sua geração – composta durante a pandemia e diretamente relacionada ao momento atual da humanidade. Com a primeira parte já disponível desde setembro no YouTube, o seu desfecho será lançado no dia 28 de novembro, sábado, no mesmo YouTube e no Facebook do autor.
Sobre o final da história, o autor prefere evitar spoilers: “a segunda parte fala das atitudes do Príncipe frente a este terrível impasse, quais medidas tomou, mas prefiro deixar o público descobrir por si só. Basta dizer que a história tem várias reviravoltas e que foi concebida e executada com muito empenho para oferecer uma experiência impactante e inesquecível”, antecipa.
A primeira parte apresentou as personagens e o enredo inicial, como no primeiro capítulo de uma série de TV: o príncipe sírio Abdul-Aziz está retornando a Damasco após viagem diplomática quando decide oferecer carona a uma velha senhora, descobrindo, em seguida e ao chegar aos portões da cidade, que ela é a Peste em pessoa. Após o lançamento da primeira parte, seguiu-se período para campanha de financiamento coletivo, que conseguiu o apoio financeiro para a execução da sua conclusão.
“É um projeto pequeno, com equipe enxuta, mas ao mesmo tempo grandioso. Ele foi possível graças ao enorme esforço de todos os envolvidos. Um estímulo ainda maior foi o sucesso da primeira parte e do financiamento coletivo”, aponta Cyro e complementa: “foram meses de escrita, composição e confecção das partituras. Depois cada músico teve árduo estudo e foi seu próprio técnico de gravação em sua residência, com seus equipamentos (às vezes somente um celular). Finalmente veio a edição de áudio e vídeo que tentou juntar todos os músicos da maneira mais orgânica possível e atenuar a distância”.
Mas se criar uma opereta on-line em tempos de pandemia já era um desafio, “A Peste” oferece um passo à frente aos vídeos com tela dividida, adicionando pequenas animações entre cada cena “para criar uma dinâmica interessante ao expectador e para dar ideia do cenário, já que estávamos limitados ao ambiente residencial”, explica o autor. Cada parte tem cerca de 20 minutos e poucos participantes (três cantores, três instrumentistas). Além do próprio Cyro Delvizio no violão, participam da montagem a soprano Manuelai Camargo, o tenor Guilherme Moreira, Leonardo Thieze como narrador e baixo (voz), o flautista Lincoln Sena e o violoncelista Paulo Santoro.