Salve-se quem puder. A orientação é pular do navio antes que ele afunde, ou morrer no meio dos ratos. Esse foi o comentário mais ouvido nos meios políticos de Brasília nesta terça-feira, 4, sobre o cerco cada vez maior a parlamentares supostamente corruptos do MDB e do PP.
Na véspera, a bomba explodiu com denúncia contra Romero Jucá, presidente nacional do MDB, partido do governador de Brasília Ibaneis Rocha. O ex-senador é acusado de receber 1 milhão de reais em propina num esquema envolvendo a Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Agora chegou a vez do PP, presidido pelo senador piauiense Ciro Nogueira, conterrâneo dos pais de Ibaneis. Em Brasília o partido tem como principal figura a deputada federal Celina Leão, denunciada na Operação Drácon, como suposta beneficiária de um esquema de corrupção com emendas parlamentares para a saúde pública.
A nova bomba veio do Supremo Tribunal Federal, onde o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato naquela Corte, decidiu acatar denúncia por organização criminosa contra quatro parlamentares do PP, um dos principais partidos que compõem o chamado Centrão. Além do co-conterrâneo de Ibaneis, foram denunciados os deputados Aguinaldo Ribeiro (PB), Arthur Lira (AL) e Eduardo da Fonte (PE).
Segundo a acusação, os parlamentares do PP obtiveram o poder de indicar cargos na administração pública, dos quais se valeram para desviar recursos de contratos públicos. Um dessas indicações teria sido a do diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato.
Com base na delação premiada de Costa e em outros elementos de prova, como o registro de frequência dos parlamentares na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, a denúncia sustenta que a atual cúpula do PP valeu-se de seu poder político para praticar atos de corrupção e lavagem de dinheiro. No caso da petroleira estatal, as condutas teriam ocorrido entre 2009 e 2015.