Pedro Nascimento, Edição
Um deputado republicano contrário ao aborto pediu a uma mulher com quem estava tendo um relacionamento fora do casamento para que fizesse um aborto depois de pensar que ela estava grávida. A reportagem foi publicada pelo jornal Pittsburgh Post-Gazette, que obteve uma mensagem de texto que o deputado Tim Murphy, da Pensilvânia, trocou com Shannon Edwards, sua amante.
De acordo com o jornal, em uma mensagem de texto do dia 25 de janeiro ao qual a publicação teve acesso, Shannon expressou o que aconteceu. “(Murphy) não teve problema nenhum em colocar sua posição pró-vida de lado quando me pediu para abortar nosso filho na semana passada quando nós pensávamos que eu poderia estar grávida”, afirmou ela, segundo o jornal.
A mensagem enviada do telefone de Murphy em resposta a de Shannon afirma que seu gabinete foi o responsável pelo pedido do aborto. “Eu nunca escrevi isso. Meu pessoal faz isso. Eu li isso e estremeci. Eu disse a eles (pessoal) que não fizessem isso mais”, afirmou o deputado. Shannon, no fim das contas, não estava grávida.
A porta-voz do deputado não quis comentar a reportagem. A revelação feita nesta terça-feira coincide com a aprovação, na Câmara dos Deputados, de uma legislação republicana que poderia tornar crime o aborto a partir da 20ª semana de desenvolvimento do feto.
O deputado, membro do caucus Pró-Vida da Câmara dos Deputados, está entre aqueles que assinam o projeto de lei. Ele evitou falar com a imprensa em Washington após o voto da legislação, e os esforços dos repórteres para falar com ele foram em vão.
O projeto de lei deverá enfrentar oposição no Senado, onde democratas têm votos suficientes para barrá-lo. O grupo Naral Pro-Choice America criticou rapidamente “o peso da hipocrisia” demonstrada por Murphy ao apresentar tal projeto de lei.
O caso de Murphy com Shannon veio à tona recentemente em meio ao seu processo de divórcio do deputado que acabou tornando-se público. Ele é deputado federal representando um distrito da Pensilvânia.