O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) alertou aos colegas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que os protestos durante a Copa do Mundo e contra a realização do evento serão inevitáveis. Lembrou que esta já é a mais cara das copas já realizadas, cujos custos já são R$ 8,9 bilhões, enquanto que a da Alemanha (2006) custou R$ 6,2 bilhões e a da África do Sul (2010), R$ 6,4 bilhões. Da quantia a ser gasta no evento no Brasil, 93,7% vem dos cofres públicos, embora o governo tenha anunciado antes que o torneio seria custeado pela iniciativa privada.
“Isso gerou uma pesquisa neste mês de resultado muito interessante. Segundo ela, 75,8% dos investimentos feitos foram desnecessários; 80,2% discordam da construção dos estádios; 66,6% não acreditam que as obras trarão melhorias para a mobilidade urbana. Inevitavelmente nós teremos protestos, claro! Com esses números, com os superfaturamentos, com o dinheiro que deixa de ir para o hospital, para a saúde, para as coisas fundamentais”, reclamou o psolista.
O parlamentar citou números de pesquisa divulgada no último dia 18 e encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em conjunto com o Instituto MDA. Foram 2.002 entrevistados entre os últimos dias 9 e 14 de fevereiro, em 137 municípios de 24 unidades federativas. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
“Os protestos são bem vindos e é evidente que ninguém aqui defende a violência como método. Mas, os protestos têm razão de ser. Então o fechamento de uma rua é causar medo? As pessoas vão ser acusadas de terrorismo? O governador Cabral, quando foi reagir à questão dos royalties, fez uma grande passeata no Rio de Janeiro (março de 2010). Foi com ônibus pegar várias populações distantes, fechou a rua e fez comício. Vários estavam lá. Será que os senhores ali causaram pânico? Não, assim como os professores e jovens, se tradicionalmente fecharem uma via para uma manifestação, não podem ser criminalizados por isso”, observou Freixo, citando a proposta de lei de terrorismo, discutida no Congresso Nacional e defendida pelo Governo Sérgio Cabral.
“Outra coisa que diz a lei: terrorismo contra coisas. Por essa legislação, um crime ao patrimônio vai gerar mais tempo de cadeia do que um homicídio. É uma inversão completa, em que as coisas valem mais do que as pessoas! Se algum usuário quebrar a roleta da barca num momento de surto, de raiva, ele pode pegar 26 anos de prisão. É essa a legislação que querem aprovar, em nome da ordem e em nome da Copa do Mundo. Isso é gol contra a democracia!”, protestou Freixo.