Derrubada de casas provoca ira em terreno da Marinha na comunidade Rádio Sonda
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emMoradores da comunidade Rádio Sonda, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, voltaram a protestar por causa da demolição de mais três casas nesta terça (18). No dia 2 de julho, duas famílias foram removidas e uma casa chegou a ser demolida, depois de a Justiça determinar a reintegração de posse do terreno, pertencente à Aeronáutica.
A área faz parte da Vila Militar do Galeão e é habitada por cerca de 100 famílias há décadas, segundo moradores. Edivalma Souza, integrante da associação de moradores da região, um caminhão com soldados chegou ao local por volta das 5h30 da madrugada desta terça-feira e ordenou que os moradores se retirassem das casas que seriam demolidas.
“Eles chegaram sem avisar, e fizeram um escudo impedindo que nossa passagem. Não trouxeram sequer uma assistente social para nos dar algum suporte. Estamos muito assustados, porque além de todo esse susto, não temos para onde ir”, disse a moradora.
O taxista Márcio Campos, 45 anos, nascido e morador da comunidade, disse que foi “uma tremenda covardia” já que, segundo ele, moradores foram ameaçados com fuzis e cassetetes pelos soldados.
“Entramos com uma ação coletiva na justiça há algum tempo contra essa determinação. Ficou definido que, a princípio, a Aeronáutica não poderia demolir as casas. Porém, ela recorre todas as vezes, já que, no documento, classifica o terreno como se fosse um lote só. Saímos como ‘invasores’ da área. O juiz, sem ter conhecimento da real situação, autoriza a remoção e demolição. Isso não é justo. Só queremos ter o nosso lugar para morar”, disse.
O Centro de Comunicação da Aeronáutica, em Brasília, respondeu, em nota, que a reintegração de posse realizada hoje pela Justiça Federal no terreno da Vila Militar da Ilha do Governador ocorreu de forma pacífica. Os moradores estavam cientes de que a decisão transitou em julgado e que não cabe mais recurso.
“Ressaltamos que a Aeronáutica, por meio da Advocacia-Geral da União, tem a obrigação legal de recorrer à Justiça para reaver o terreno que pertence à União”, diz a nota.
Douglas Correa, Agência Brasil