Felipe Pontes
O Brasil fechou 99.694 postos de trabalho com carteira assinada em janeiro de 2016. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), o número representa queda de 0,25 % no total de trabalhadores formais, em comparação com o resultado do mês anterior.
O resultado é o segundo pior da série histórica para meses de janeiro, ficando atrás somente de 2009, quando foram sentidos os efeitos da crise financeira internacional que abalou a economia mundial no ano anterior. Janeiro deste ano também teve resultado pior que o mesmo período de 2015, em que foram fechados 81.774 postos de trabalho.
No acumulado dos últimos 12 meses, o recuo foi 1,59 milhão de postos de trabalho. Em dezembro de 2015, o acumulado dos 12 meses anteriores registrava queda de 1,542 milhão.
Comércio – O setor que mais fechou vagas foi o comércio, com retração de 69.750 posto de trabalho, seguido pelo setor de serviços (17.159) e pela indústria de transformação (16.533).
O Ministério do Trabalho e Previdência Social atribuiu o mau resultado à “conjuntura econômica recente e a fatores sazonais”. Por conta da conclusão de contratos temporários firmados no contexto das festas de fim de ano, o comércio costuma sempre apresentar um grande número de desligamentos em janeiro, principalmente o varejista, responsável pela quase totalidade das vagas fechadas pelo setor no início de 2016 (menos 69.398 vagas).
O fenômeno vinha sendo compensado ao longo da série histórica do Caged por um número maior de admissões em outros setores da economia. Com a crise econômica iniciada no ano passado, no entanto, isso deixou de ocorrer.
“Na questão do comércio, o que a gente percebe é que pode até ter havido menos demissões, mas houve também menos contratações no restante da economia”, disse o diretor do Departamento de Emprego e Salário da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do ministério, Márcio Borges.
Agropecuária – Dos oito setores monitorados pelo Caged, o da agropecuária foi o único a apresentar resultado positivo em janeiro, com a criação de 8.729 postos de trabalho.
Na avaliação de Borges, certa recuperação pode ser observada também no setor de construção civil, o mais afetado ao longo do ano passado, quando foi responsável pelo fechamento de mais de 410 mil vagas. Apesar do setor ter perdido mais 2.558 postos de trabalho em janeiro de 2016, regiões metropolitanas como São Paulo tiveram resultado positivo, com cerca de 5.000 contratações a mais do que demissões.
Regiões – As regiões Norte e Nordeste foram as mais afetadas pela perda de postos de trabalho com carteira assinada, com quedas de 0,66 % e 0,51%, respectivamente. O fenômeno foi atribuído, nesses casos, também a fatores climáticos, explicou Borges, que resultaram, por exemplo, numa menor empregabilidade nas safras de cana, por exemplo.
Entre as unidades da federação, São Paulo e Rio de Janeiro foram as que mais sofreram com os desempenhos ruins do comércio e dos serviços, perdendo 27.056 e 25.549 postos de trabalho, respectivamente. Cinco estados tiveram resultado positivo: Mato Grosso (6.900); Paraíba (189); Paraná (1.074); Rio Grande do Sul (7.263); e Santa Catarina (7.211).
Agência Brasil