Peixes elétricos
Descoberta de como se usava na Roma antiga mexe com nossa matéria nervosa
Publicado
emDescobri que na Roma antiga
se enrolavam peixes elétricos na cabeça
para aliviar a dor das pessoas
e estimular o cérebro.
Impactada pela notícia
bem mais modesta
leio a novidade do passado
com fones de ouvido
e frequência binaural
para acalmar a perturbação sonora
de um aparato com menos podas neurais.
A minha mente que é todo coração
anatomia desorganizada
na moradia incerta da matéria nervosa.
Sincronizar os circuitos, enrolar poemas
ao redor do crânio, circundar
o vigor. Todo mundo sabe
a hora da corrente, ninguém duvida
do choque.
Tantos anos acesa
nesta fornalha – os relógios, os anéis
pra qual lado do pêndulo pender –
somatizar no magnetismo, interagir
com a respiração de outra espécie
imbuída de uma rede de conexões
reativadas, medidas por segundos
ou hertz; estimular a liberação
dos neurotransmissores; promover
mudanças químicas, ser o sal da
consciência: íon, córtico, lóbulo
guelra, neuroterapia.
O poema
é uma batida na porta do coração
que é o cérebro, que é a luz que
invade tudo, e rearruma o tempo
do corpo o corpo derramado no presente.
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Betine Daniel é autora do livro “Corpo Esconderijo” em 2024, pela Editora Libertinagem.
https://www.editoralibertinagem.com/product-page/corpo-esconderijo-de-roberta-tostes-daniel