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Velhos tempos

Desemprego cai com contratações recordes

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Autor/Imagem:
Jéssica Antunes e Hédio Ferreira Jr

O período é de crise, mas o índice de desempregados no Distrito Federal caiu desde o decreto da pandemia do coronavírus, no início de março. Um mês antes, 296 mil pessoas estavam sem trabalho por aqui, número que se em maio, no auge da quarentena, chegou a 333 mil. Até que em setembro, depois da retomada dos negócios no DF e recontratações, recuou 2,7% em relação a seis meses, chegando a 288 mil cidadãos sem emprego. Quando comparado a maio, o percentual de pessoas que conseguiram emprego sobre para 15,6%.

Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), feita no período de março a setembro de 2020, e convalidada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).

Tudo isso se reflete pelo crescimento das contratações com carteira assinada no DF. De acordo com a Secretaria do Trabalho, entre junho e julho foram 34 mil empregos formalizados, enquanto em agosto registrou-se mais 32 mil. O reaquecimento de alguns setores, como o da construção civil, e a manutenção das obras de infraestrutura pelo Governo do Distrito Federal (GDF) contribuíram para isso, avalia o secretário da pasta Thales Mendes Ferreira.

Reinvenção
Para reverter a crise do desemprego o atendimento se reinventou durante a pandemia de Covid-19: agora atua na captação ativa de vagas, batendo recordes de ofertas para o público.

A média é de 30% de contratações e o desafio é encaixar perfis buscados pelo empregador e candidato com qualificação.

As 15 agências espalhadas pelo DF funcionam como uma grande empresa de recursos humanos, com objetivo de encaixar interesses de empregadores com capacidades de quem está em busca de um emprego.

No último mês, 2,7 mil vagas foram anunciadas, cerca de 2,5 mil candidatos interessados foram encaminhados e 500 pessoas já chegaram a formalizar o vínculo, com assinatura de carteiras pela capital.

Neste ano, a diferença é que cada posto de emprego é buscado ativamente pela equipe da Secretaria de Trabalho, que passou a ligar e visitar empreendimentos em busca de oportunidades a partir da criação de um departamento de captação e administração de vagas. Antes, um sistema fazia encaminhamentos conforme as especificações inscritas, mas esbarrava em currículos com experiências e capacidades que não condiziam com a realidade.

“Adotamos a estratégia de ofertar nosso serviço às empresas e tem dado certo, com 30% de eficiência”, revela Thales Mendes Ferreira. “Em fevereiro, estávamos com 296 mil desempregados. Hoje, estamos com 288 mil. Nesse meio tempo tivemos uma pandemia com demissões em massa e chegamos a 333 mil desempregados. Os números atuais mostram que não sofremos mais esse efeito. ”

A Agência do Trabalhador abarca desde microempreendedores individuais até grandes redes de empresas, que usam o banco de dados e a expertise da pasta para compor seus quadros de funcionários, além da disponibilidade de salas para fazer seleções, sejam elas remotas ou não. Desde janeiro, 650 empresas anunciaram vagas pelo sistema.

Como as vagas são cadastradas
O trabalho de captação de vagas é diário e passa por uma série de etapas, que envolvem visitação de empresas, confirmação de postos de trabalho, ajuda na definição de perfil de candidato, encaminhamento de interessados e até contato semanais depois do anúncio para retorno do resultado. Empresas também podem procurar as agências do trabalhador para anunciar oportunidades.

É o que explica o gerente de Administração de Vagas da Setrab, Guilherme Barros. “Em abril, com a pandemia chegamos a ter 70 vagas cadastradas. Com nosso trabalho, conseguimos bater recordes históricos seguidos. O último, em outubro, foi com anúncio de 1.119 vagas em um dia”, aponta. Neste ano, o que mais cresceu foi o comércio.

Para cada vaga anunciada, três candidatos dentro do perfil são direcionados. “Antigamente a empresa tinha desgaste, mas não resultado. Ao trabalhar desta forma, conseguimos minimizar e trazer de volta empresas que não lançavam mais vagas conosco por problemas de credibilidade, diz o diretor de Ações ao Empregador da pasta. Oséias Conde. As oportunidades estão diariamente disponíveis nas unidades físicas ou no aplicativo da Agência do Trabalhador para smartphone.

Kássia dos Santos Rodrigues, 26 anos, chegou recentemente ao DF em busca de melhores oportunidades de vida. Do Maranhão para Planaltina, ela que já atuou como profissional de serviços gerais, atendente e vendedora, vê a Agência do Trabalhador como rede de possibilidades. “De onde eu vim a gente só consegue alguma coisa batendo de porta em porta. Aqui, com cadastro, já nos enviam para vagas que a gente se encaixa. Facilita muito! ”, destaca.

Desempregada há mais de um ano, Luciana Souza recorreu ao serviço para tentar realocação no mercado. “Eu sei que por aqui a gente consegue. Já consegui no passado e, hoje, meu marido está empregado como açougueiro graças à Agência do Trabalhador”, diz a moradora de Planaltina, de 28 anos. “Acho importante que o governo ofereça esse tipo de auxílio para quem precisa”, opina.

Qualificação
“Passamos por um processo de criação e geração de credibilidade, tanto para o trabalhador quanto para o empregador. E tem funcionado. Hoje temos vagas sobrando. A grande dificuldade é unir as duas partes: quem está contratando com quem está em busca de emprego. O que dá essa liga é a qualificação profissional”, aponta o secretário Thales Mendes Ferreira.

A Secretaria do Trabalho montou um planejamento estratégico para geração e criação de indicadores para ajudar a identificar as principais demandas de qualificação para profissionais no Distrito Federal. “Os cursos têm que ser focado naquelas funções que temos vagas”, observa. Neste mês, foi publicado edital de chamamento para jovens candidatos de baixa renda interessados em ingressar em cursos profissionalizantes.

São 4 mil vagas em diversas modalidades, como artesanato e biojoias, assistente administrativo, maquiador, webdesigner, garçom e mecânico. “Queremos gerar esperança para que as pessoas tenham uma vida melhor. Qualificando pessoas, dando oportunidade. Às vezes não necessariamente com emprego, mas com renda, dando qualificação e ferramentas de apoio”, explica o titular da Setrab. De acordo com ele, o grande papel da Agência do Trabalhador é ser um ponto de encontro do setor produtivo no processo de contratação, requalificação e qualificação profissional.

Melhorias
O DF conta com 15 agências em funcionamento. A Setrab trabalha em processo de modernização, reforma, criação de padrão visual e carta de serviços padrão. Estão em reforma as unidades de Brazlândia e Santa Maria, após as entregas em Ceilândia e Samambaia no ano passado. Por enquanto, não há previsão de abertura de novos pontos. Para ampliar o serviço, devem ser criados atendimentos móveis.

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