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Quem fiscaliza o fiscalizador?

Detran cria cenas de terror com roteiro de Stephen King

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva - Foto Divulgação

Volto à redação após um merecido período de férias. Mas me estarrece logo no primeiro dia uma situação constrangedora, provocada no âmbito do Departamento de Trânsito. É certo que Brasília nunca foi um paraíso para quem se arrisca no trânsito, mas a cidade, projetada para a fluidez, se tornou um campo minado de imprudências, atropelamentos e acidentes diários. O caos sobre rodas se espalha por suas largas avenidas, enquanto as estatísticas de vítimas crescem como erva daninha. Mas esses, embora graves, não são os únicos problemas.

Se já não bastassem os motoristas irresponsáveis, há um outro perigo à espreita: a truculência de quem deveria zelar pela ordem. Não é de hoje que agentes de trânsito são acusados de abusos, mas agora, a situação escalou para além das abordagens ríspidas e multas arbitrárias.

Em cenas que mais lembram um filme de ação descontrolado, servidores do Detran foram flagrados arrancando motorista de seu veículo à força, jogando-o ao chão sem qualquer justificativa plausível. O vídeo, divulgado pelo G1, choca e revolta. Quem deu esse poder aos agentes? Quem fiscaliza os que deveriam fiscalizar?

Enquanto isso, velhos mistérios permanecem sem resposta. A memória de um acidente fatal na ponte do Bragueto ainda ecoa, envolta em sombras e dúvidas. O condutor responsável? Um hoje parlamentar, protegido pelo manto da impunidade. Brasília segue seu curso, imponente e fria, onde a lei parece ter dois pesos e duas medidas. No asfalto e nos gabinetes, quem tem poder passa ileso, enquanto os demais se tornam estatística ou, pior, vítimas da própria fiscalização.

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Carolina Paiva é Editora do Quadradinho em Foco

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