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Detran fiscaliza de costas e joga os motoristas brasilienses no gargalo

No coração de Brasília, o Detran adota uma prática curiosa e ao mesmo tempo frustrante, principalmente para quem se aventura pelas bandas da L2 Sul, onde estão localizados hospitais de grande porte, como o Sírio-Libanês, Home e CBV Hospital de Olhos. A região transformou-se em um verdadeiro desafio para quem busca atendimento médico. Com um fluxo constante de pacientes e acompanhantes, o movimento de veículos nos estacionamentos públicos é marcado por desordem, dificuldade de manobra e filas intermináveis, que muitas vezes resultam em pequenos acidentes e congestionamentos.

Os agentes do Detran, enquanto isso, promovem uma fiscalização de costas. Com a atenção redobrada para infrações como a velocidade e a sinalização, o órgão parece desviar o olhar de um problema crescente e cotidiano que afeta diretamente a qualidade de vida dos brasilienses – os estacionamentos públicos cada vez mais congestionados e desorganizados.

Em um cenário onde vagas parecem ser raridade e motoristas se engalfinham em filas intermináveis, o Detran prefere concentrar esforços em aplicar multas nas principais vias, deixando os estacionamentos de lado. Não é incomum ver veículos amontoados, ocupando duas vagas de uma só vez, estacionados sobre calçadas ou bloqueando saídas de emergência. O caos reina nos estacionamentos, enquanto o Detran finge não ver o elefante no meio da praça.

É claro que ninguém discorda da importância de fiscalizar infrações que comprometam a segurança no trânsito, mas o problema do estacionamento – ou a falta dele – tem se tornado uma questão social. Com a ausência de um ordenamento adequado, perdem os motoristas, que gastam preciosos minutos em busca de uma vaga; perdem os comerciantes, que veem clientes desistirem de frequentar determinadas áreas pela dificuldade em estacionar; e perde, sobretudo, o próprio órgão fiscalizador, cuja função deveria incluir a promoção de um trânsito ordenado e funcional em todas as esferas.

A omissão do Detran nos estacionamentos passa a impressão de uma fiscalização seletiva, que escolhe o que é mais lucrativo ao invés do que é mais necessário. Ao deixar de regular os estacionamentos, o órgão contribui para o estresse diário dos motoristas e para uma cidade onde estacionar virou um verdadeiro campo de batalha. Afinal, de que adianta controlar a velocidade nas vias, se o motorista passa mais tempo tentando estacionar do que propriamente dirigindo?

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