Nosso povo tem mesmo que acreditar que Deus é brasileiro. Afinal ainda se sobrevive nesse país, apesar de tantos anos de corrupção e incompetência dos muitos que já tiveram e têm a oportunidade de fazer o que tem que ser feito em favor daqueles que vivem como gado à procura de pasto onde não tem.
Nosso povo que até calango já comeu, hoje cambaleia desnutrido atrás de encher o bucho com pele de frango, pirão de ovo e, se ainda tiver dentes suficientes, reunir o resto de forças para poder entrar na fila do descarte de ossos com vestígios de pelanca.
Estamos à beira de assistir cenas da tragédia que assola os rincões mais distantes do continente africano ou dos campos de refugiados mundo afora, onde a ração oferecida é disputada no chão por pessoas esquálidas que apesar de tudo ainda mantém o instinto de sobrevivência.
Tudo nesse país é dado de menos; e o pouco que se dá, chega sempre como se favor fosse. Ai se esse povo soubesse que o pouco que lhe é dado sempre foi seu por direito…
A aprovação dessa PEC Kamikase, que vai permitir que o governo de plantão amplie os benefícios do Auxílio Brasil, ainda que durante o período pré-eleitoral, tinha que ser aprovada mesmo, sem qualquer tipo de contestação.
Pouco importa se a “bíblia” do Centrão, ao qual o presidente da República pertence, será invocada para pregar aos quatro cantos do país, que foram eles que salvaram o povo com mais 200 contos de réis creditados no cartãozinho verde amarelo.
se dane! Comam o que puderem com esse dinheiro que sempre foi de vocês! Tapem os ouvidos para os discursos distantes das suas realidades.
Podem ter certeza que se esses caras fossem obrigados a comer os restos dos restos que a maioria da população come, não seriam frases de efeito que sairiam de suas bocas, mas algo viscoso e amargo como fel.
Que venham os pães e que se desmonte esse circo de horrores brasileiro. E que Deus volte a olhar para too, como em outros tempos.
*Texto publicado originalmente n’O Quadradinho