Dia do Fico (de Dilma) tem vídeo de Lula, ameaça a Temer e críticas a Moro
Publicado
emAndressa Pimenta Lins e Felipe Meirelles
Um público estimado em 250 mil pessoas (segundo cálculos das PMs estaduais) e de 820 mil (segundo os organizadores) foi às ruas de diversas cidades do País nesta quinta-feira, 31, em apoio à presidente Dilma Rousseff, contra o impeachment e de ataques à oposição, em particular o vice Michel Temer e Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e ao juiz Sérgio Moro.
As maiores concentrações foram observadas em Brasília (40 mil pessoas), Rio de Janeiro e São Paulo, com números semelhantes. Em outras capitais os atos reuniram entre 3 e 15 mil pessoas. A mobilização, convocada pelas redes sociais através da Frente Brasil Popular, também teve a participação de entidades sindicais (como a CUT) e movimentos populares (a exemplo do MST). Um slogan foi ouvido em todas as cidades: Não vai ter golpe. Vai ter luta.
Embora sem ocorrência de violência física ou depredação, a ira ficou nas palavras. Em tom de ameaça, Gilmar Mauro, um dos coordenadores dos sem-terra, promete que um eventual governo de Michel Temer não terá sossego caso ocorra o impeachment. “Vamos derrubá-lo do dia para a noite”, prometeu.
Já Raimundo Bomfim, da Central dos Movimentos Populares, sustenta que os movimentos sociais rechaçarão um eventual governo de coalizão formado pelo PMDB e partidos da oposição à presidente Dilma. “Se nós já fomos às ruas com criticas à política de ajuste fiscal do governo Dilma, imagine como seria no governo dele. Teríamos mais liberdade para fazer oposição”, afirmou.
Na avaliação de Bomfim, não é possível comparar o movimento de impeachment de Collor em 1992 com o atual pedido de saída de Dilma. “Em 1992 havia unanimidade dos movimentos sociais em torno do impeachment de Collor. Desta vez, o movimento nasce sem legitimidade. Este impeachment é golpe. Dilma não cometeu crime de responsabilidade”, observou.
Voz de Lula – Ausente das ruas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apareceu em um vídeo, onde afirma que o brasileiro “não fecha os olhos” para os problemas do País, mas que também não aceita “andar para trás”. Na gravação ele reforçou o argumento petista de que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e que, portanto, seu impeachment seria golpe.
“A sociedade brasileira sabe o quanto custou recuperar a liberdade e a legalidade, quanta luta, quanto sacrifício, quantos mártires. E nessas três décadas de vida democrática, aprendemos que um grande pais se constrói caminhando sempre adiante, consolidando e conquistando novos direitos coletivos e individuais”, afirmou.
Intimidação – No Congresso Nacional a senadora Ana Amélia (PP-RS) acusou a (CUT de distribuir panfletos com “intimidação” para convencer as pessoas a participarem de manifestações favoráveis ao governo. Segundo ela, os panfletos pregam o fim de benefícios sociais caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada.
“Está escrito: vão acabar com o 13º salário, com pagamento de horas extras, multas por demissão e o FGTS. Quem já é funcionário público vai ser ferrado também. Direitos como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Prouni, Pronatec, crédito rural para agricultores familiares, financiamentos com juros baixos para quem ganha pouco também serão tirados dos cidadãos, afinal não dão lucros para empresas e bancos. Empresas estatais como Caixa, BNDES, companhias de energia e águas, Correios serão privatizadas. É o que diz esse folheto da CUT distribuído para atemorizar”, afirmou Ana Amélia.
Segundo a senadora, o panfleto foi distribuído na rodoviária de Brasília e é um “instrumento de intimidação”, que teria sido utilizado também durante as eleições de 2014. Ana Amélia divulgou o vídeo em suas redes sociais, onde internautas afirmaram terem recebido os mesmos panfletos em outras regiões do País.
“O povo brasileiro não fecha os olhos para os problemas, nem se conforma com o que está errado e precisa ser corrigido, mas o Brasil sabe que não existe solução fora da democracia, que não se conserta um País andando para trás, que não há poder legítimo se a fonte não for o voto popular”, sintetizou.