Baseado exclusivamente em minhas convicções religiosas e em meus princípios como cidadão, normalmente não me defendo ou tento preservar alguém acusando ou achincalhando eventuais antagonistas. Por exemplo, minha indisposição contra Jair Messias vem dos tempos da chupeta. Não o tolero, não o recomendaria ao mais nojento dos inimigos, nunca admiti ser representado por ele e só toparia escolhê-lo para síndico do inferno se fosse para substituir o comandante em chefe das forças do mal. Mesmo assim, teria de ser convencido de que ele absorveria um mandato terrivelmente infernal. Exageros sentimentais à parte, quero, antes de qualquer acusação maledicente, lembrar que jamais inocentei Luiz Inácio Lula da Silva, cujas deficiências de conduta são pra lá de conhecidas.
Acrescento que, caso a absurda punição pretendida pelo ex-todo prosa Sérgio Moro não tenha sido alcançada, pelo menos o atual presidente experimentou o fio tênue da espada de Dâmocles. Lula pagou caro e certamente aprendeu com o tempo de ostracismo que o mesmo povo que elege, tira. Jair Messias foi tirado quando começava a se achar o próprio deus da tirania e, em breve, também será jogado aos cães raivosos da lei. E contra ele não haverá somente um juiz travestido de profeta da honestidade, auxiliado por um procurador enlouquecido pelas luzes coloridas do sucesso. O ministro Alexandre de Moraes não é metade do que os patriotas lambe-botas dizem dele. Se for, certamente a outra metade cumprirá seu dever de magistrado e levará para o esgoto o que de pior já apareceu no cenário político do país.
Repetirei até a morte que Lula não é, nunca foi e dificilmente será canonizado. No entanto, embora não disponha de recibos para defendê-lo, é fato que, em pouco mais de quatro meses, ele tirou o Brasil do atoleiro. Luiz Inácio pode não ser santo, mas chorou diante da fome de milhões de brasileiros e, com sinceridade, lamentou a morte de milhares de pessoas atingidas pela Covid-19 e covardemente abandonadas à própria sorte e à porcariada “receitada” por seus acovardados pajés do curso intensivo da Assembleia de Deus ou da Universal. Aliás, receitaram, mas nunca tomaram as bobajentas Cloroquinas, Ivermectinas e afins. Até onde eu sei, os que tomaram também se finaram.
O covarde é assim. Combate a corrupção, mas defende político corrupto. Fala da fé em Deus acima de tudo e de todos, mas defende armas de fogo e a morte dos que não professam em suas cartilhas. São os mesmos que se dizem terrivelmente honestos, mas não abrem mão de “gatos” na luz, na água e nas TVs pagas. Adoram propagar os ideais de liberdade de expressão, mas ameaçam matar no momento em que começam a ouvir aquilo que não gostariam que dissessem a respeito delas. Sobre este tema, vale lembrar que, bastou Jair virar as costas, para o Brasil saltar 18 lugares no ranking de liberdade de imprensa no mundo. A conclusão é da entidade Repórteres Sem Fronteiras.
Demorou, mas finalmente os jornalistas brasileiros se sentem mais aliviados e menos ameaçados pelos rompantes animalescos do mito. Para nossa sorte, o próprio Messias tem derrubado os “argumentos” que os levaram à Presidência em 2018. Por exemplo, foi quem mais se apropriou da mamata oficial que ele jurou acabar. As joias do sheik árabe não me deixam mentir. A terrível honestidade que o faria diferente foi varrida para debaixo do tapete de Curicica. As rachadinhas familiares e o din din que, de repente, aparece nas contas da prole permanecem sem explicação. E, quem diria, acusou tanto o Tribunal Superior Eleitoral de fraude nas urnas eletrônicas que fez pior com seu cartão de vacinação.
O pior de tudo é que, conhecendo o grau de solidariedade que norteia a família, provavelmente Jair Messias deixará o tenente-coronel da franjinha pagar sozinho pelo erro que ele (Jair) determinou. Assim são as pessoas edificadas no ódio, no poder acima de qualquer coisa e na desgraça alheia. Formados nessa escola medonha, seus seguidores serão herdeiros e órfãos de falsas e inatingíveis promessas. Como na vida tudo passa, o mito começou a passar. E passará tão rápido como um cometa sem cauda. O rabo ficará para sempre. Ele lembra aquela história do português que profetizou o fim do mundo quando for descoberto o quantitativo de pessoas com o sobrenome Dias. “Quando chegarmos à contagem final, estaremos com os dias contados”. Os de Jair Messias vêm sendo contabilizados pelo xerife Xandão. Tirando os nove fora, talvez sobrem pelo menos oito anos de inelegibilidade. Os demais só Deus.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978