A dieta cetogênica é bem disseminada no meio fitness ou de vida saudável. Muitos a conhecem por levar à perda de peso, mas o que poucos sabem é que ela foi criada em 1921 para o tratamento de epilepsia. Caracterizada, principalmente, pela restrição de carboidratos, o plano alimentar reduz o número de crises epilépticas, mas só é indicado após o tratamento medicamentoso não surtir efeitos positivos.
“A dieta não é o primeiro tratamento para nenhum tipo de epilepsia, exceto em duas doenças metabólicas, mas até chegar no diagnóstico dessas doenças, a pessoa já tomou os remédios. A primeira coisa que os médicos vão prescrever é o fármaco antiepiléptico”, diz a neurologista infantil Letícia Sampaio.
Segundo a especialista, de 50% a 60% das pessoas com epilepsia terão todas as crises controladas com o primeiro medicamento e levarão uma vida normal. Caso o remédio não tenha o efeito esperado, é receitado um segundo tipo, eliminando o primeiro.
O uso simultâneo de mais de uma medicação pode causar sonolência, crises e hipotonia (enfraquecimento dos músculos). “Se não responder [ao medicamento], a epilepsia é considerada farmacorresistente. É muito pequena a chance de controlar crises epilépticas com a terceira ou quarta medicação”, afirma a neurologista.
No geral, 30% dos casos de epilepsia apresentam resistência aos remédios e é para esse grupo que a dieta cetogênica pode ser indicada. Exemplo disso é Olívia, de 12 anos, filha do chef de cozinha Henrique Fogaça. A menina nasceu com uma síndrome rara, provocada por alteração genética, o que lhe causou muitas crises convulsivas, hipotonia e ausência de fala.
“Há um ano e pouco começamos com a dieta [cetogênica] e a Olívia tem evoluído muito. Ela ganhou peso, tem muito menos convulsões, talvez 2% do que tinha, melhorou muito a qualidade de vida dela, está do tamanho da adolescente que é. Ela tem uma [crise epiléptica] a cada mês, mas é um ‘escapezinho’ bem de leve. Ela está muito mais perceptiva nas reações quando falo com ela”, relatou Fogaça durante um workshop sobre o tema promovido pela Danone Nutricia no último dia 7.
O jurado do MasterChef falou também da importância de estimular as crianças que convivem com epilepsia. “Muitas famílias escondem os filhos, há preconceito e eu procuro, quando estou com a Olívia, levá-la em todos os lugares que eu vou para ela sentir a vida. Acho importante mostrar o mundo para ela”, contou. Em suas redes sociais, o chef mostra a evolução da filha e fala da alimentação que ela segue.