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Dilma dá até logo, usa linguagem dura do PT e declara guerra a Michel Temer

Manifestantes protestam em frente ao Palácio da Alvorada (Antonio Cruz/Agência Brasil

Marta Nobre

– Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer. Essa história não acaba assim. Nós voltaremos.

Foi assim, com um discurso duro, que Dilma Rousseff reagiu à decisão do Senado de afastá-la definitivamente da Presidência da República, com a aprovação do impeachment nesta quarta-feira. Aos brasileiros, um até logo, sublinhou, prometendo uma guerra incessante ao sucessor Michel Temer.

Leia a seguir trechos do pronunciamento, feito no Palácio da Alvorada.

Injustiça – O Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma presidenta que não cometeu crime de responsabilidade.

Golpe – É o segundo golpe de Estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.

Imprensa – O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.

Direitos – O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido. O golpe é contra o povo e contra a nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.

Batalha – A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.

Reviravolta – Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.

Machistas – Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.

Retorno – Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.

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