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Dilma e Aécio transformam debate no SBT em um verdadeiro tiroteio

A presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição e seu adversário na corrida ao Palácio do Planalto Aécio Neves (PSDB) voltaram a protagonizar nesta quinta-feira 16 cenas de mocinho-bandido e bandido-mocinho, numa sequência de trocas de acusações durante debate levado ao ar pelo SBT. O tom das falas foi direcionado a corrupção, nepotismo, mentira, desrespeito, desinformação, falta de transparência, suspeitas, investigações. Em síntese,. tudo, menos propostas de governo.

Sem trégua em nenhum dos blocos, Dilma e Aécio centraram fogo usando as acusações mútuas como armas em suas perguntas e respostas. O tiroteio deixou em segundo plano a discussão sobre temas de programas do governo das candidaturas do PT e do PSDB à Presidência da República.

No primeiro bloco, as denúncias de corrupção e de nepotismo nas gestões dos presidenciáveis deram a tônica. Aécio questionou Dilma sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. Em resposta, a presidente acusou os tucanos de “engavetarem os escândalos” e “escondê-los debaixo do tapete”.

“Ao contrário do passado, a Polícia Federal não era dirigida por filiados do PSDB. A PF investigou e vai punir implacavelmente”, disse. “Onde estão os corruptos da compra de votos da reeleição? Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô de SP e dos trens? Todos soltos. (…) Da ‘privataria tucana’?, todos soltos”, respondeu Dilma. Aécio, na réplica, lembrou de petistas que foram presos.

Os dois candidatos também fizeram acusações de nepotismo. Dilma acusou Aécio de ter empregado a irmã Andrea Neves quando era governador de Minas Gerais (2003-2010), e Aécio disse que o irmão de Dilma, Igor Rousseff, foi empregado na prefeitura de Fernando Pimentel (PT-MG) sem trabalhar.

“A diferença é que minha irmã trabalhou muito e não recebeu, enquanto seu irmão recebeu e não trabalhou”, disse ele.

Aécio acusou Dilma de “gostar de falar de parentes”, recordando o que classificou de “episódio triste”: o momento em que Fernando Collor, na campanha eleitoral de 1989, explorou questões pessoais do então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva.

No segundo bloco, as denúncias sobre a Petrobras voltaram à tona. Desta vez, Dilma questionou Aécio sobre reportagem que afirma que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, já falecido, teria recebido propina para esvaziar uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Aécio disse que as denúncias devem ser investigadas independentemente do partido. “Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo, e, pela primeira vez, pelo menos, há algo positivo aqui. A senhora dá credibilidade às denúncias do senhor Paulo Roberto (ex-diretor da Petrobras, pivô do escândalo que ronda a estatal do petróleo).”

Entre os poucos momentos em que se propuseram a falar de programa de governo, os candidatos discutiram sobre temas econômicos e sobre segurança pública. Aécio citou o elevado número de homicídios no Brasil. Na resposta, a presidente afirmou que as gestões petistas do governo federal foram as únicas que implantaram uma política de combate à violência. Sobre economia, Aécio disse que o governo Dilma “foi leniente” com a inflação. A presidente contra-atacou afirmando que o método dos tucanos é “desempregar, arrochar o salário e não investir”.

No terceiro e último bloco, Dilma provocou Aécio perguntando sobre a Lei Seca — o tucano já foi parado em uma blitz no Rio de Janeiro em 2011 e teve a carteira de habilitação apreendida por estar vencida. Na ocasião, ele, que já era senador por Minas Gerais, se negou a fazer o teste do bafômetro.

“Parei numa lei seca e não fiz o exame. Me desculpei e me arrependi disso”, respondeu o candidato, irritado. Ele chamou Dilma de “mentirosa” e pediu temas “sérios”. ‘Vamos falar de como melhorar a saúde e a segurança. A senhora ofende todos os brasileiros.”

Dilma disse que acha a lei importante porque “no Brasil, todos os dias, tem gente morrendo por acidente de trânsito, por motoristas que estão embriagados. Depende dele a vida ou a morte dos nossos jovens”, disse ela. “O senhor passou por uma experiência. Ninguém pode dirigir sob efeito de álcool e drogas. A Lei Seca trouxe um bem para o país”, completou ela.

s presidenciáveis acusaram várias vezes o adversário de mentir. Questionado sobre a Lei Seca, Aécio disse, na tréplica, que Dilma mente. “Mentir e insinuar ofensas como essa não é digno de qualquer cidadão, mas é indigno por uma presidente da República. Candidata, a sua campanha é a campanha da mentira.”

Em vários momentos do debate, Aécio acusou Dilma de promover uma campanha “de baixo nível” e de “espalhar mentiras nas redes sociais”. O tucano chegou até mesmo a fazer uma pergunta sobre o tema. “Eu vou novamente na questão da verdade e da mentira. Nós somos, candidata, candidatos da Presidência da República. É preciso que haja um limite”, disse. “A senhora prefere a campanha da mentira, e é essa questão que eu lhe faço agora.”

“Candidato, acho aqui, quem mente é o senhor”, replicou Dilma.

Quando Aécio fez uma questão sobre corrupção, Dilma voltou a dizer que o opositor mente. “O senhor disse que se te atacar está atacando Minas, esta é uma mentira, candidato. Porque Minas Gerais não é o senhor.” Nos vários momentos em que Dilma criticou a administração de Aécio no governo de Minas Gerais, o tucano a acusou de “desrespeitar Minas Gerais”. “Pare de ofender Minas Gerais, candidata”, chegou a dizer. Mineira, Dilma afirmou que “nasceu em Minas bem antes que o senhor”. “Saí de Minas não foi para passear no Rio de Janeiro: é porque fui perseguida”, disse, complementando que nem o Estado nem os mineiros se confundem com Aécio.

Redação com Uol e agências noticiosas

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