Dilma e Rollemberg, nas pontas do Eixo, mas sem risco de retaliação
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emAs vitórias de Dilma Rousseff e Rodrigo Rollemberg levam o brasiliense a se perguntar, como será o relacionamento entre o PT e o PSB no Distrito Federal? E como será o novo GDF?
Quanto à primeira pergunta, é simples, a resposta veio da própria presidenta Dilma Rousseff no primeiro pronunciamento após o anúncio de sua reeleição: “Este é o momento da união, do diálogo e das mudanças necessárias que a nossa pátria precisa”. Essa disposição inclui, obviamente, os governadores eleitos pelos partidos da oposição.
Depois da chuva que lavou a alma, irrigou a terra e derreteu a fúria de alguns torcedores, Brasília acorda com a sensação de que é preciso pensar no futuro. Os desafios são enormes e a cidade não pode parar nem depender de favores dos poderosos. Projetos, boas ideias e sabedoria nas negociações estão na pauta e na pasta do novo governador.
O PSB de Rollemberg não precisa esperar retaliação do Planalto, nem adesão do PT do Distrito Federal. É sabido que muitos petistas votaram em Rollemberg ainda no primeiro turno. O baixo percentual de Agnelo Queiroz revelou isso. O PT tinha de 25% a 30% dos votos, no mínimo. No segundo turno, a divisão entre os petistas foi ainda maior. Muitos votaram nulo ou branco, outros deram seus votos a Rodrigo para impedir a volta da turma do Arruda, Roriz e Luiz Estevão, e outros até votaram em Jofran Frejat por motivos que só o fígado explica. Tudo isso fez parte do jogo.
Agora, com o resultado na mesa, não basta elogiar o adversário pela campanha vitoriosa. Nem torcer o nariz a ponto de prejudicar o DF. É preciso ouvir o que diz a presidenta Dilma Rousseff: Brasil e Brasília estão acima das paixões partidárias e das queixas.
O quadro não é tranquilo para Rollemberg e ele sabe disso. O PSB não elegeu nenhum deputado distrital. Em tese, tem 11 aliados, a que preço ainda não se sabe. O que se sabe é que são 16 partidos numa Casa de 24 deputados. Uma operação difícil de ser administrada. As maiores bancadas são as do PT (4) e do PMDB (3), partidos derrotados por Rollemberg. O diálogo e o jogo de cintura proposto por Dilma caem bem na fala de Rodrigo. Por isso, não será surpresa se algum petista for convidado a compor o governo de Rodrigo.
O PSD de Rogério Rosso e Hélio Doyle fará o meio de campo necessário para sustentar a ideia programática do PSB de que não vai lotear cargos. Isso é o que se espera. Enxugar a máquina também tem um custo político que só a reforma eleitoral poderá minimizar.
Os senadores Cristovam Buarque e Reguffe cumprirão papel relevante na sustentação de Rodrigo, mas o partido deles, PDT, virou um balaio de gatos sem unidade e sem comando. O suplente de Rollemberg, Hélio José, é uma incógnita, é preciso esperar para ver o que ele vai fazer no Senado. Aliás, um dos temas da reforma política é acabar com a suplência de senador, será que ele concordar com isso? Já seria uma grande ajuda.
Quanto ao PT-DF, destronado do GDF ainda no primeiro turno, entrará 2015 com a missão de se recompor e trabalhar para voltar em 2018 em melhores condições, com novos quadros e novas posturas. Não será surpresa se houver um movimento de renovação na direção do PT-DF com antecipação das eleições internas. Muita roupa suja terá que ser lavada e muita correção de rumos nos destinos da sigla, se é que pretende continuar influenciando na política candanga. Já se fala até em Comissão de Ética para algumas lideranças, o que não é novidade.
A transição do governo que se inicia a partir de hoje abrirá os caminhos para que o Distrito Federal conheça, na prática, que futuro terá a partir do ano que vem.
Romário Schettino – www.jornaldoromario.com.br