Mesmo com a reação da sociedade brasileira – que surgiu com a força e rapidez de um tsunami – à recriação da CPMF, chamada “imposto do cheque”, a presidente Dilma Rousseff ainda alimenta a ideia de ver aprovado o retorno desse tributo, extinto em 2007. A presidente tem declarado que o governo não tem mais como cortar gastos.
Voltou a sustentar que, para equilibrar as contas de 2016, será preciso encontrar novas fontes de receitas, ou seja, aumentar impostos. Com essas declarações ela está mirando no sentido do renascimento da CPMF. Surgiria com o nome de Contribuição Interfederativa da Saúde (CIS), com 0,38% incidente sobre todas as operações bancárias realizadas no Brasil. Há previsão que essa receita alcançaria R$ 80 bilhões por ano, que seria aplicada só na área da saúde e seria dividida entre União, Estados e Municípios.
Essa montanha de dinheiro seria suficiente para cobrir o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto na proposta do Orçamento da União para 2016. Representaria também uma grande ajuda aos governadores e prefeitos que estão com a corda no pescoço por falta de recursos financeiros.
No Congresso não há dúvidas de que a presidente Dilma mandou a proposta orçamentária deficitária como estratégia, visando pressionar os deputados e senadores a revisarem suas posições contrárias à volta da CPMF. Acreditou que eles poderiam mudar de opinião por força da pressão que, fatalmente, seria exercida pelos governadores e prefeitos, hoje tão carentes de recursos.
Não alcançando o almejado retorno da CPMF, a equipe econômica trabalha na direção de um plano B. Seria a criação de um imposto transitório com duração de dois anos para cobrir o rombo nas contas públicas, permitindo o Brasil alcançar superávit primário que corresponda a 0,7% do PIB, em 2016. E evitar também que o país perca o grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco. Isso ela não conseguiu evitar.
Um grupo forte de parlamentares, contudo, afirma e sustenta que a sociedade não tem como arcar com mais impostos. Hoje a carga tributária se aproxima de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) e a população continua não recebendo ou recebendo em troca serviços públicos de saúde, educação e segurança pública de péssima qualidade. Caos.