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Dilma olha para os lados e não vê horizonte para o tormento que assola povo

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Em termos quantitativos, o protesto anti-Dilma deste domingo (16) superou o de abril e ficou aquém do de março.

Um instituto de pesquisa já captou bem o sentimento de impotência dos brasileiros: eles, em sua expressiva maioria, querem o impeachment da presidenta, mas não acreditam que o impeachment vá acontecer.

Então, é compreensível que, depois do grande desabafo de março, seu ânimo tenha arrefecido um pouco. Nosso povo, simplesmente, está descrente dos podres Poderes. Supõe que eles não ouvirão a voz das ruas, então acha inútil ir às ruas. “Conheço bem minha história/ Começa na lua cheia/ E termina antes do fim”…

Mas, o teatro da política não substitui a realidade da política e, principalmente, da economia. Joaquim Levy não tirará o Brasil da recessão. Pelo contrário, se não for detido, nos conduzirá à depressão. Sai bolsa-família, entra sopa dos pobres.

As manobras de Dilma para escapar do impeachment aprofundam a descaracterização do seu governo e a desmoralização do PT. Pensa que ganha tempo pactuando com Renan Calheiros (aquele que também fazia o serviço sujo para Collor), submetendo-se mais ainda (é possível?!) aos grandes empresários, ajudando os convênios de saúde a lesar os associados, etc.

Parece que desistiu de elevar a idade mínima para aposentadoria, de forma a fazê-la coincidir com as disponibilidades de caixa da Previdência. Isto se falou logo que a Agenda (de benesses para os exploradores e maldades para os explorados do) Brasil foi divulgada, depois ninguém mais tocou no assunto.

O Levy deve ter deixado esta abominação para 2016, se ele e a Dilma ainda estiverem nos cargos atuais. Eu apostaria que ou um ou outra não estará. E, para não perder a aposta, cravaria também duplo: a saída de ambos.

O certo é que, em país pobre como o Brasil a receita neoliberal, regime imposto a quem não tem mais gordura nenhuma para queimar, nem remotamente cura o paciente. Mata. E, cedo ou tarde, pouco importando quantas se arrematem, e por quanto, das almas dos vilões da política, será a nossa triste realidade que determinará o desfecho do drama, não as traições e velhacarias da Praça dos Três Poderes.

Não adianta minarem-se, a golpes de caneta ou outros, os caminhos legais que levam ao impeachment, se a penúria continuar crescendo e fazendo crescer a insatisfação popular. A pressão vai aumentar até explodir a panela, fazendo um barulho tão ensurdecedor que os panelaços parecerão brincadeira de criança.

Dilma, você jamais terminará seu mandato caso continue atirando-se nos braços dos capitalistas e dos fisiológicos. Se não há como vencer a atual parada mantendo sua dignidade, escolha a dignidade. Ela é muito mais importante do que o poder!

O povo não é muito sofisticado, raciocina de forma linear: dize-me com quem andas… Aqueles com os quais você tem andado ultimamente são a escória moral da humanidade. Até porcos, gambás e vermes manteriam distância deles.

Mas, se teme que, guinando à esquerda, acabará martirizada como Allende, renuncie antes que a encostem na parede. Saia de cabeça erguida, e não como uma esquerdista que se tornou neoliberal tardia… a troco de nada, pois nem assim escapará da degola. Quem viver, verá.

Celso Lungaretti

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