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Dilma reúne sem-terra, sem teto e aliados no Planalto e diz que não vai ter golpe

Brasília - Presidente Dilma Rousseff participa da cerimônia de lançamento da terceira etapa do Programa Minha Casa Minha Vida para contratar mais 2 milhões de moradias até 2018 (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Felipe Meirelles

“Não vai ter golpe”, diz Dilma Rousseff ao microfone. “Não vai ter golpe”, responde a platéia, em coro. “A ação que estão promovendo é golpista”, insiste Dilma. E a platéia, mais uma vez em coro, grita palavras de ordem e aplaude a oradora.

Esse foi o cenário visto no início da tarde desta quarta-feira, 30, no Palácio do Planalto, quando a presidente da República lançou a terceira etapa do programa Minha Casa, Minha Vida. Na platéia, ministros, senadores, deputados. E gente, muita gente, ligada à CUT, ao MST e aos sem-teto.

O clima que se viu no Planalto foi de confronto. Pela primeira vez a presidente partiu para o confronto não só com o Congresso Nacional, onde tramita (na Câmara dos Deputados) a ação de impeachment.

O recado foi dado também ao Supremo Tribunal Federal, onde ministros já se manifestaram sobre o tema. O próprio presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, já disse que o mecanismo está na Constituição e que, portanto, se votado de acordo com a legislação, não pode ser interpretado como golpe.

Para se ter uma ideia da elevação da temperatura, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, fez um duro discurso de apoio ao mandato presidencial, chegando a chamar Eduardo Cunha, presidente da Câmara, de bandido.

– Vivemos hoje uma perigosa e criminosa ofensiva golpista. Hoje, liberdades democráticas, garantias constitucionais estão ameaçadas por uma ofensiva golpista, sublinhou Boulos em seu discurso.

Enquanto Boulos falava, a plateia repleta de representantes de movimentos sociais gritava palavras de ordem contra Cunha, contra a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a mídia. Boulos foi o quarto a falar em defesa do mandato da presidente. “Vai ter luta, vai ter resistência. Não passarão com esse golpe de araque no Brasil”, desafiou.

Sem crime, é golpe – Em seu discurso, lembrando palanques eleitorais, Dilma acentuou que Ainda segundo a presidente, “não existe essa conversa: ‘Não gosto do governo, então ele cai’. Impeachment está previsto na Constituição. Mas é absolutamente má-fé dizer que todo impeachment está correto. Para isso, precisa haver crime de responsabilidade. Impeachment sem crime de responsabilidade é o quê? É golpe.”

Em sua defesa, a presidente lembrou que as contas de 2015 do governo, usadas como justificativa para a abertura do processo de impeachment na Câmara, ainda não foram apresentadas e, consequentemente, não foram julgadas. “As contas de 2015 só vão ser apresentadas em abril, sequer foram julgadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nem pelo Congresso. Que processo é esse? É um processo golpista”, declarou. “Se fazem isso contra mim, o que não farão contra o povo?”, questionou;

Dilma também criticou a intolerância atual. “Lamento aqueles que vem destilando ódio entre brasileiros e brasileiras. Isso é grave porque a intolerância é a base da violência. Acreditar que o outro não merece respeito é a base da violência.”

– Não agridem a mim simplesmente. Não é só a mim que pretendem atingir. Eu lamento que se crie na sociedade brasileira um clima de intolerância e ódio. Eu acho que isso é imperdoável. O Brasil é um país que gosta do diálogo, do convívio. Ora, ressentimento, preconceito é algo que tínhamos passado ao largo apesar do preconceito contra os negros do nosso país, que temos de enfrentar, insistiu.

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