Cláudio Coletti
A presidente Dilma e o ex-presidente passaram a atuar de forma agressiva e pesada para tentar o sepultamento da proposta do impeachment da presidente, ainda no âmbito da comissão especial da Câmara dos Deputados. Não tendo êxito nessa fase inicial do processo, a estratégia de ambos é, na votação que vai ocorrer no plenário (513 deputados), pelo menos garantir o apoio de 171 deputados, votação suficiente para evitar que Dilma seja defenestrada do Palácio do Planalto.
Nesta guerra, Dilma e Lula usam armas de todos os calibres. O contato com o parlamentar é pessoal, de olho no olho. Ele é assediado com a oferta de nomeações na Esplanada dos Ministérios, liberação do pagamento de emendas ao orçamento da União, e até ajuda financeira ao parlamentar endividado. Nesta empreitada o Palácio do Planalto estima gastar por volta de R$ 50 bilhões.
A dupla repete seguidamente que o impeachment não passa de um golpe orquestrado pela oposição, que perdeu as eleições em 2014. Essa tese, todavia, foi desqualificada por quatro ministros do Supremo Tribunal Federal- Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello. A posição de Toffoli foi duramente criticada no Palácio do Planalto, já que ele está na mais alta Corte por indicação do então presidente Lula e ter sido ele advogado do PT.
Os quatro ministros afirmaram que o impeachment pode sim acontecer, é uma medida prevista na Constituição. Não representa, portanto, nenhum golpe, como pregam Dilma e Lula. Eles não convencem também boa parte dos juristas do país.
Se o processo não for sepultado na Câmara, dificilmente será evitado no Senado o afastamento de Dilma do governo. Para seu lugar iria o vice-presidente Michel Temer, que encerraria o mandato do atual governo, no dia 31 de dezembro de 2018.
Na Câmara, na segunda-feira, dia 4, encerra o prazo para a presidente apresentar sua defesa no processo do impeachment. A comissão terá prazo de cinco dias para dizer se aceita ou arquiva o processo. Esse parecer, 48 horas depois, será debatido e votado pelos 513 deputados. Dilma, para se salvar, necessita de apenas 171 votos. Essa votação que será aberta deverá acontecer na semana do dia 11, segunda-feira, até o dia 15, sexta-feira.
Dificuldades – Dilma e Lula estão tendo muitas dificuldades para conseguir os 171 votos. A principal delas é a pressão que os parlamentares estão recebendo em suas bases eleitorais para que afastem a presidente do Poder. Esse assédio é tão grande que interfere nas possibilidades eleitorais dos candidatos às prefeituras e câmara de vereadores. Uma derrota na esfera municipal representa um sinal de dificuldades nas campanhas de reeleição dos deputados e senadores.
E a pressão que os parlamentares sofrem na base deriva da crise econômica que atinge toda sociedade brasileira, que, em sua maioria, não acredita mais ter a presidente Dilma condições, capacidade, para tirar o Brasil do atoleiro em que se encontra. A ela é debitada a destruição de todos os pilares de sustentabilidade da economia nacional. As consequências estão no crescimento do desemprego – hoje são 9,6 milhões de pessoas sem trabalho, a inflação sem controle, a fuga dos investimentos.
Com esta situação de horror, está difícil um parlamentar, desde que não seja do PT e do PC do Brasil, ser convencido a votar em favor de Dilma.