Secura do abandono
Dinheiro do projeto carro-pipa acaba e Lula deixa nordestino sem água
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emNo sertão, onde a paisagem é desenhada pelo sol inclemente e o chão rachado de sede, a água não é apenas um recurso; é a própria essência da sobrevivência. Mas, na aridez de políticas públicas falhas, o governo anuncia que o dinheiro acabou e, com ele, a operação ‘Carro-Pipa’, única esperança para quem vê no horizonte apenas poeira e ausência.
O som do motor do carro-pipa, que antes era sinônimo de alívio, agora é substituído pelo silêncio inquietante de torneiras secas e cisternas vazias. O povo, que já vive no limite do essencial, encara uma nova realidade: a de lutar pelo pouco que resta nos açudes esvaziados. Não há fila que organize a necessidade, nem discurso político que cale a sede.
Na falta de água, o sertanejo recorre ao improviso. Panelas sujas de barro armazenam o pouco que se consegue retirar de poços comunitários. Crianças, que deveriam brincar, carregam baldes pesados, enquanto idosos, com o rosto marcado pelo tempo e pela luta, se perguntam quanto mais podem aguentar.
Enquanto isso, em gabinetes refrigerados, discursos floreados falam de contingências orçamentárias e ajustes fiscais, como se a urgência da sobrevivência pudesse esperar. Mas a vida no sertão não cabe em planilhas; ela pulsa no ritmo de quem não se rende, mesmo diante do descaso.
Essa não é apenas a suspensão de um serviço; é a quebra de um pacto de dignidade. Sem água, sonhos murcham como as plantas sob o sol forte, e o que resta é o grito de quem exige, no mínimo, o direito de viver. Afinal, quando a sede é de justiça, não há seca que dure para sempre. E olha que o carro-pipa deixou mais de 1 milhão 200 mil nordestinos sem água.