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Dino Cazzola deixou saudades e o registro das imagens de Brasília

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José Escarlate

1960 – Um dos grandes amigos que tive em Brasília, no meu retorno, foi o Dino Cazzola, um italiano jovem, sempre sorridente, que desembarcou em Brasília em 1959, enviado pelos Diários Associados para cobrir a construção e a inauguração da capital.

Cazzola era cinegrafista de alto nível e que fazia trabalhos para a TV Tupí-Difusora São Paulo. Nós dois tivemos mais contato quando eu trabalhava na TV Brasília e, por isso, ficamos amigos. Ele veio, gostou e aqui ficou.

Entrosou-se logo com a turminha do Araújo, Zé Ruy, Onetti, Dino Araújo, dos irmãos Hamilton e Hélio Bracher, mais o D’Almeida Victor, um intelectual. Como todos fossem adeptos do copo, o encontro da turma era sempre nos finais de tarde. Dino Cazzola, dos mais animados, mas só aparecia depois de editar os filmes para o tele-jornal da TV Brasília. Eu, raramente pintava no pedaço, já que não bebia e nem tinha condições de rachar a conta com eles.

Naquele tempo, o diretor da emissora era o Jairo Valadares. Aliás, foi o Dino Cazzola que criou e montou todo o departamento de cinema da TV Brasília, já que naquela época não existia o vídeotape. Nos finais de semana, Dino reunia toda a patota em sua chácara. Comida e bebida, não faltavam.

Os filmes que produzia, depois de editados aqui, eram enviados para as emissoras de televisão do Rio, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Belém, e até para o exterior. De suas câmeras, nasceram as melhores e mais belas imagens da epopéia que foi a construção de Brasília. E Cazzola não escondia nunca sua admiração e sua paixão pela cidade, cultivando cada vez mais amigos. Casado, com o advento da televisão colorida, em 1972, ele foi com o filho, Júlio, que tinha apenas 16 anos, fazer um curso de vídeo e fotos coloridas em uma universidade da Bélgica.

Hoje, aquele menino de 16 anos, que era um apaixonado pelo trabalho do pai, é engenheiro formado pela Universidade de Brasília, e um respeitável empresário da área de seguros. Em seu poder está o acervo cinematográfico de Dino Cazzola, que morreu em 1998. Esse acervo totaliza cerca de 500 latas empoeiradas de filmes, em preto e branco e a cores, que retratam o nascimento e a evolução da capital da República, sob a ótica de um de seus mais queridos pioneiros.

PV

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