Curta nossa página
nlenfrdeitptrues


Fanatismo e atraso

Direita anda em círculos buscando nome anti-Lula

Publicado

Autor/Imagem:
Mathuzalém Jr - Foto de Arquivo/Antônio Cruz - ABr

Tão impossível como cravar o nome do novo papa é adivinhar o nome que a direita pretende estampar na urna eletrônica em 2026. Até agora andando em círculo, as lideranças do conservadorismo fingem que trabalham para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas, nos bastidores, a maioria esmagadora tem uma única certeza: expurgar qualquer membro da família Bolsonaro de uma provável nova disputa com a esquerda. Mesmo sem focos e candidatos definidos, a direita vem se reunindo um dia sim e outro também em busca de um nome consensual para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva.

Por enquanto, as pautas são imutáveis, com destaque para a democracia liberal, o capitalismo, a economia de mercado, a defesa intransigente da família, o legítimo direito de defesa, os direitos à propriedade privada e um estado de bem-estar público limitado, isto é, sem o chamado paternalismo oficial. Seja mais ou menos radical, os representantes da direita não devem esquecer que o mais importante no espectro político do grupo é a manutenção da tese que aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou inevitável.

Ou seja, caso eles vençam a eleição presidencial, azar dos pobres e dos miseráveis. Opositores caninos do socialismo e da social-democracia, os partidos de direita parecem um conclave de conservadores, democratas-cristão, liberais e nacionalistas. Aliados aos nacional-socialistas, aos reacionários e aos fascistas da extrema-direita, eles têm ideais ideológicos autoritários comuns e nada próximo das propostas de igualdade social e de intervenção estatal para garantir direitos e proteção social.

Ao contrário do pensamento da esquerda, as minorias que se virem para viver no país que os conservadores almejam para o futuro. Como o Brasil viveu uma onda conservadora nas eleições municipais do ano passado, não há dúvida de que a direita veio para ficar. O problema é se manter poderosa com argumentos ultrapassados de arrogância, soberba e de totalitarismo gratuito e forçado. No Brasil do século 21 não cabem mais ditadores fakes, sem discurso próprio ou com a mentirosa máxima de que a política da esquerda é indecente e inapropriada para o país. É verdade que o povo tem se despertado para a realidade.

Por isso, da mesma forma que o Nordeste percebeu que não pode se manter como puxadinho do petismo, o Sul e o Sudeste tardiamente entenderam que fenômenos políticos populistas são efêmeros e pouco produtivos para a sociedade majoritária. Descobriram a tempo que fanatismo político é sinônimo de atraso. Arremedo de estadista, Fernando Collor, eleito com o discurso de caçar marajás, foi ejetado da cadeira presidencial antes que pudesse causar males maiores à nação. Exemplo maior do fiasco da retórica de defesa da família, do patriotismo, do autoritarismo, do anticomunismo, da rejeição aos direitos humanos e do culto a figuras sem passado, Jair Bolsonaro também perdeu para si mesmo.

Mito forjado na contracultura política daqueles que se imaginam acima do bem e do mal e que se imaginam suficientemente poderosos para expor suas ideias extremistas por meio de golpes e de ataques às instituições, Jair se esqueceu da pluralidade brasileira. Longe de mim achar que a direita não tem o direito de buscar seus espaços na política brasileira. Pelo contrário. Acho que o conservadorismo tem grandes chances de derrubar a esquerda em 2026. Todavia, será novamente derrotado qualquer candidato conservador que fizer campanha somente em defesa dos seus. O Brasil é de todos. O voto do pobre e do miserável tem peso idêntico ao do rico fanático e, por vezes, desumano ao extremo.

……………….

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

+102
Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.