Andrei Netto
Um total e 36,5 milhões de eleitores estão aptos a votar e definirão hoje o nome do futuro primeiro-ministro da Espanha. A votação deste domingo é considerada histórica por analistas políticos por ser a primeira vez desde 1982 em que os dois partidos que se alternam no poder, o Partido Popular (PP, direita) e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro esquerda) dividem o protagonismo com outras duas novas agremiações, Podemos e Ciudadanos.
As sessões eleitorais foram abertas no início da manhã e, embora a Junta Eleitoral ainda não tenha informado o nível de participação, estima-se que a participação de eleitores esteja em alta em relação às últimas eleições gerais, realizadas em 2011. Um indício do interesse foi o fato de mais de 100 mil espanhóis terem pedido para votar pelo correio, uma alta de 14% em relação há quatro anos.
A taxa de participação é considerada um dos fatores que podem decidir a eleição, já que 41% dos eleitores ainda se diziam indecisos há uma semana, quando da publicação das últimas pesquisas de opinião. De acordo com as sondagens, o atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy, do PP, teria 25% das intenções de voto, frente ao secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, que teria 21%. Os dois seriam seguidos de perto pelo cientista político Pablo Iglesias, líder do partido de esquerda radical Podemos, com 19%, e pelo economista Albert Rivera, presidente do Ciudadanos, partido liberal de centro-direita, que teria 18%.
Com o fim do bipartidarismo que marcou o país durante 33 anos, a tendência é de que Rajoy não obtenha a maioria absoluta de 176 assentos no Parlamento, o que deve obrigá-lo a buscar um governo de coalizão – até aqui descartado pelos rivais – ou formar um gabinete de minoria, o que em curto ou médio prazo deverá resultar na convocação de eleições antecipadas. Outra opção seria Sánchez ou Iglesias reivindicarem o direito de formar um governo de coalizão de esquerda, uma hipótese que não pode ser de todo descartada, segundo analistas políticos.
Neste domingo, Rajoy votou no Colégio Bernadette, um dos mais tradicionais de Madri. Na saída, falou à imprensa espanhola e internacional e comemorou a alta participação do eleitorado. “Muita gente está votando, e isso é reconfortante”, disse.
Já Sánchez votou no Colégio de Pozuelo, também em Madri, e destacou a oportunidade de mudança de governo. “Estamos em um dia histórico”, disse o socialista. “Nós, espanhóis, sabemos que o futuro não está escrito e vamos escrevê-lo hoje com nossos votos. Os espanhóis decidirão não só o futuro dos próximos anos, mas o das próximas gerações.”
Já Iglesias, que no sábado assistiu Star Wars – Episódio 7, agradeceu aos seus apoiadores, e disse ver uma “mudança de força” nas últimas horas, na esperança de uma surpresa possa acontecer no quatro eleitoral. “Muito obrigado aos interventores, aos apoderados e apoderadas que se levantaram com um sorriso e com vontade de fazer história”, disse o radical de esquerda pelo Twitter.
Segundo o Ministério do Interior, que organiza a votação, a manhã se transcorreu sem incidentes nas 57,5 mil mesas eleitorais espalhadas pelo país. Em Madri, onde o Estado acompanha o dia de votação, o movimento começou lento no início da manhã, mas se intensificou por volta do meio dia, quando filas se formavam em sessões eleitorais do centro da capital.