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Direita engole choro com voz de Lula contra genocídio em Gaza

Foto: Alan Santos/PR

Entre as políticas de resultado e sem resultado, há os políticos oportunistas, aqueles que se aproveitam de qualquer fato para criar um outro capaz de ajudá-los a sair do atoleiro. São os casos do líder da direita de Israel, Benjamin Netanyahu, e do ex-mito álcool canforado Jair Bolsonaro. Conhecidos como aproveitadores de ocasião, ambos normalmente se utilizam de maus momentos para tentar tirar proveito pessoal de algo, não importando que, para isso, sacrifiquem princípios e normas. São como a maioria das duplas sertanejas brasileiras que, aproveitando a euforia das centenas de pessoas que lotam seus shows, não têm qualquer pudor em usar o playback para enganar aqueles que pagam absurdos para ouvi-los.

Aliás, são parças na alma e na conduta. Fossem nascidos em Goiás e tivessem alguma expertise na colheita de mandioca, pepino, nabo e rabanete, com certeza fariam sucesso como mais uma dupla sertaneja do Cerrado. Talvez Eunuco & Imbrochável. Como poucos entendem de alguma coisa, o playback certamente seria o cão guia da dupla. Na teoria, os shows sertanejos aparentemente nada têm a ver com os espetáculos protagonizados por Netanyahu e Bolsonaro. Como o público de uns é o de outros, na prática basta comparar a veemência do cantor Marrone declamando com a fúria da eventual dupla da direitona marrenta e cabulosa. E, sabemos todos, que, nesse mundo de diversidade, ainda há alguém que pague para ouvir a quase indecifrável voz de Marrone.

Da mesma forma, há registros de ouvintes de discursos sobre o sexo dos anjos. Enfim, os jurássicos da política têm seus eleitores supostamente fiéis. Os da música fogem de Bruno & Marrone. Pior do que Marrone cantando em braile, é ouvir Bruno imitando o choro de uma criança gripada. Voltando ao que interessa, nesses últimos dois dias, em Israel ou no Brasil, é fácil descobrir quem os dois mastodontes do conservadorismo de ocasião buscam atingir quando discursam para plateias servis. O objetivo é sempre o mesmo: desacreditar aqueles que ousam atravessar seus caminhos. Levantada por Eunuco (Netanyahu) e chutada por Imbrochável (Jair Messias), a bola da vez é Luiz Inácio Lula da Silva e sua frase comparando as mortes na Faixa de Gaza com o Holocausto. Ele faltou com a verdade? Então, engulam o choro.

Qualquer um tem o direito de achar que foi um equívoco internacional a manifestação do presidente brasileiro. No entanto, rotulá-la de vergonhosa e alarmante é esquecer e passar recibo sobre a inoperância dos acusadores. A exemplo de seu similar no Brasil, Netanyahu estava nas cordas bem antes de o Hamas produzir o maior atentado com vítimas fatais em território judeu. Foi salvo pelo gongo acionado pelo grupo islamsta e desde domingo (18) tem conseguido abrir os olhos graças à comparação de Lula sobre a matança desenfreada na Faixa de Gaza. Didaticamente, a reação do líder da direita sem nexo de Israel é proporcional ao incêndio que ele provocou e agora não sabe como debelar.

Tudo a ver com o ato programado para o dia 25, quando Bolsonaro e seu fiel escudeiro, o contador de dízimos Sila Malafaia, esperam lotar a Avenida Paulista para defender o Estado Democrático de Direito que eles atacam desde que inventaram a maledeta história de transformar Jair em presidente da República. Que me perdoem as lideranças judias que acham que passar um pito público no Brasil mudará o rumo de Netanyahu, ele sim persona non grata para a maioria dos israelitas. A tática de Eunuco é a mesma do Imbrochável: criar um fato para amenizar o efeito nocivo do que eles não conseguem empurrar para debaixo do tapete. A honesta declaração do mandatário brasileiro quase devolveu a ambos os holofotes perdidos. Quase porque o mundo e os brasileiros sensatos não caem mais em esparrelas de amadores, tampouco em desculpas esfarrapadas de genocidas.

Atualmente, nem mesmo o choro sem lágrima de Bruno e o grito incubado de Marrone ajudam a direita atrasada e desqualificada a atravessar o samba qualificado dos democratas ao redor do mundo e na Capital da República. Mais uma vez, os baba-ovos do puritanismo do núcleo duro dos representantes de Satã na terra terão de se render à coragem de um homem do povo que rompe amarras e solta o verbo contra aqueles que se acham acima do bem e do mal. Desculpar-se por que falou a verdade? Negar a matança de mulheres, idosos e crianças em Gaza é o mesmo que desmentir o golpe mambembe dos mambembes insurgentes do maternal do tio Jair. Cômico não fosse trágico, antes mesmo do perseguido sucesso, Eunuco & Imbrochável terão, em breve, de botar a boca no microfone dourado, apertar os dedos moles, sentar na madeira dura e posar para a célebre foto dos devedores da lei.

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