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Direita racha e Tarcísio tenta passar a perna em Jair Bolsonaro em 2026

Apesar das patifarias, maracutaias e sacanagens praticadas em nome da democracia, o lado bom do sistema é que qualquer um pode dizer qualquer coisa em qualquer lugar. Se alguém tem dúvida, sugiro pesquisar por apenas um minuto e meio – nada mais do que isso – o verbete Bolsonaro nos principais sites de notícias. Em dez deles, o ex-presidente afirma que será o candidato da direita nas eleições gerais de 2026. No décimo-primeiro, seus bajuladores, tendo à frente o presidente do Partido das Lágrimas (PL), Valdemar Costa Neto, prometem trabalhar com afinco para isso.

Provavelmente por medo dos gritos ou do bacamarte enferrujado do mito sem cartola, nenhum deles tem coragem de informar ao natimorto postulante que temporariamente ele está alijado do processo. Talvez o motivo seja outro. São mentirosos até na mentira. Radical, vingativo e sacana como poucos, acho que a turma menos patriota teme que, num lampejo de virtude, o tenente capitão, após gabaritar o Código Penal como ex-presidente, decida apoiar Luiz Inácio tão logo saiba oficialmente que o nome pensado por toda a direita é o do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas.

A se confirmar tudo isso, mais uma vez a política brasileira será palco da pouco convencional cena em que a criatura engole e regurgita o criador sem mastigar. E não adianta a criatura negar que já está candidato. Por mais que ele negue, está escrito nas estrelas, principalmente porque o Brasil inteiro sabe que a direita vencedora das eleições municipais quer ver Bolsonaro pelas costas. Coisas de um país no qual os aliados de hoje normalmente são os inimigos de amanhã. Às vezes, de hoje mesmo. Embora sugira traição, a histórica expressão Até tu, Brutus não cabe no caso em questão.

Afinal, até agora ninguém traiu o Messias. Ele é quem se trai ao se imaginar livre de Alexandre de Moraes. Invenção estrogonófica do próprio Jair, Tarcísio de Freitas herdará um latifúndio com hectares apinhado de focos de incêndio. Não tenho dúvidas de que o fogo amigo começará na sala de estar da direita. A certeza tem a ver, entre outros, com os governadores Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG) e Ratinho Júnior (PR). Nos bastidores, eles também se acham com aquilo roxo, consequentemente com capacidade para defender o retrocesso político em nome do profeta Messias.

A briga será de foice, sem martelo, mas com metralhadoras e fuzis físicos apontados por uns para a cabeça de outros. Quem viver, verá. Ainda sobre a impossibilidade de reversão do quadro desfavorável a Bolsonaro, em recente sessão pública a 1ª. Turma do STF negou dois recursos da defesa do ex-presidente. Por unanimidade, os ministros decidiram manter a retenção dos passaportes nacionais e internacionais de Jair Messias e a proibição de comunicação dele com outros investigados. Ou seja, tudo como dantes no quartel do conservador e ultrapassado entorno do Jair. Paralisia mental e utopia política à parte, é relevante lembrar que o tempo é o senhor da razão.

E não adiantam esperneios, ameaças ou gritos sem eco. O que está posto não muda. E ponto. Ainda mais relevante é a desimportância demonstrada por Jair Messias e seus seguidores em relação ao cargo de senador. Depois de elegerem para o Senado um astronauta, um general falador e uma mula sem cabeça, os bolsonaristas, Bolsonaro à frente, querem lançar o nome de Michelle Bolsonaro para disputar o Senado Federal em 2026. Cômico não fosse trágica, a possibilidade dessa hipótese se transformar em fato é a prova incontestável de que a família quer ser a plenipotenciária proprietária do latifúndio chamado Brasil.

Ah, sobre a vitória de Donald Trump, cada povo tem o governante que merece.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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