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Direita sai na frente e pode governar o Chile com Piñera

Foto: Martin Bernetti/AFP - EstadãoConteúdo

Resultados parciais das eleições presidenciais do Chile indicavam neste domingo, 19, que o ex-presidente Sebastián Piñera, de 67 anos, de direita, foi o vencedor, mas não conseguiu obter os 50% dos votos mais 1 para ser eleito e deve disputar no dia 17 o segundo turno com o senador Alejandro Guillier, de 64 anos, de centro-esquerda, apoiado por partidos da atual coalizão governista liderada pelos socialistas.

Apurados 84% dos votos, Piñera tinha 36,6% e Guillier, 22,6%, seguido por Beatriz Sánchez, da Frente Ampla (esquerda) com 20,4%, e José Antonio Kast, independente, da extrema direita, 7,8%.

A votação começou às 8 horas (9 horas de Brasília) e foi encerrada às 18 horas, com 14,3 milhões de eleitores inscritos. Cerca de 39 mil chilenos votaram no exterior, pela primeira vez. E havia uma grande expectativa sobre a baixa participação do eleitorado.

Logo pela manhã, Piñera votou, acompanhado pela mulher, Cecília, na Escola República da Alemanha. Vaiado por um grupo de manifestantes ao deixar o local de votação, Piñera defendeu a liberdade de expressão, mas condenou a violência. Pouco antes, um grupo de estudantes secundaristas havia invadido o comitê de campanha dele no bairro de Los Condes, de onde foi retirado pela polícia. “A democracia tem de ser uma festa na qual cada um possa expressar livremente suas opiniões, mas sem violência. A violência não pode prevalecer em nosso país”, disse Piñera.

O ex-presidente liderou as pesquisas de opinião, divulgadas no começo do mês, com cerca de 45%, à frente do candidato Guillier (Força da Maioria), que vinha com 23%. Guillier, apoiado por boa parte do governo Bachelet, votou também pela manhã em Antofagasta, por onde é senador. Nesta eleição, pela primeira vez em quase 30 anos, os chilenos foram às urnas sem saber exatamente como estavam as preferências na reta final. A lei eleitoral proibiu a divulgação de pesquisas nos últimos dias da campanha.

“Acredito que vai dar segundo turno”, afirmava o aposentado Jaime Madrid, de 76 anos, perto do Estádio Nacional, depois de votar. Nem “dom Jaime” nem observadores e acadêmicos arriscavam previsões. Para o médico Jorge Veas, de 77 anos, que votou na mesma escola de Piñera, o Chile vive dias tensos. “Isso vai explodir. Isso está como placas tectônicas que vão se chocar”, disse Veas, acompanhado pela mulher, Cármen Rioseco, ainda antes de Piñera votar. Para ele, que votou em Beatriz Sánchez, a terceira colocada nas pesquisas, com 14%, “como protesto político”, o país vive clima de insegurança nas periferias. “Eu voto em Guillier”, emendou a mulher.

Para Luz Soto-Aguilar, de 86 anos, a alta abstenção na eleição “é culpa desse governo” – o país tem 14,3 milhões de aptos a votar, mas as autoridades esperam um comparecimento de cerca de 6,5 milhões. Nas últimas eleições presidenciais de 2013, compareceram 49% dos eleitores. Para ela, que não quis revelar o voto, “o país tem de voltar a ter voto obrigatório”.

O advogado Luis Felipe Prats, de 33 anos, que também votou pela manhã, discorda. Para ele, é preciso haver liberdade de escolha. “Mas é preciso votar para poder cobrar medidas do governo.” Além de Sánchez, da Frente Ampla, de esquerda, os demais candidatos, todos com índices abaixo dos 10% nas pesquisas, votaram perto do meio-dia.

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