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Discovery ganha uma linha sexy sem perder a robustez

Tião Oliveira

Durante a apresentação da quinta geração do Discovery, nos EUA, o responsável pelo desenho da carroceria, Massimo Frascella, disse que o utilitário-esportivo renovado tem linhas “sexys” sem abrir mão da força e da robustez, que são marcas registradas do modelo inglês. A afirmação do desenhista italiano, que poderia soar como um licença poética, foi confirmada na prática durante a avaliação do Land Rover, que será lançado no Brasil em meados deste ano com motor TD6, um 3.0 V6 turbodiesel de 258 cv de potência, e câmbio automático de oito marchas.

Embora a marca não tenha divulgado detalhes sobre as opções que serão oferecidas aos brasileiros, o modelo deverá ter tabela a partir de R$ 350 mil. A quarta geração tem preços sugeridos começando em cerca de R$ 330 mil. Após vencer com valentia desafios como subidas em paredão de pedras lisas, asfalto escorregadio por causa do degelo da neve, dunas com areia fofa e picos de cerca de dez metros de altura, além estradas sem calçamento e com muita lama, a constatação é que o novo modelo vale cada centavo que a Land Rover cobrará por ele.

Repleto de sistemas eletrônicos, o Discovery 5 pode ser descrito como um “gentleman” que, se for necessário, arranca o smoking para encarar qualquer tipo de trabalho pesado. O carro permite que mesmo motoristas com pouco conhecimento de off-road passem com tranquilidade por trilhas que ofereçam alto grau de dificuldade.

O acabamento interno primoroso traz revestimento de metal escovado, madeira e couro que, conforme a versão, pode ter dois tons diferentes. Há bom espaço para até sete ocupantes – a terceira fileira, com dois assentos, deverá ser item de série nos Discovery vendido no Brasil.

Aliás, para as duas fileiras de trás há 21 opções de configuração e cada assento pode ser dobrado individualmente. Além disso, o rebatimento elétrico, que leva cerca de 14 segundos para ser concluído, pode ser ativado por um botão no porta-malas ou mesmo por meio de aplicativo para o telefone celular.

No visual, o novo utilitário deu adeus às linhas quadradonas da geração anterior. O desenho da dianteira remete a outros modelos da marca, como o Discovery Sport e o Evoque, que inaugurou a atual linguagem de estilo da Land Rover. A traseira, por sua vez tem “personalidade marcante”. Alta, manteve o DNA do desenho do carro, marcado pela coluna “C” larga, como a da quarta geração, mas foi totalmente redesenhada.

As lanternas, afiladas, avançam sobre as laterais da traseira. Com luzes de LEDs, as lentes ficam sobre uma faixa na cor preta, na altura da linha de “cintura”, e o espaço para a placa fica mais à esquerda da tampa traseira. Na parte inferior do para-choque de trás há uma espécie de defletor na cor cinza.

Entre os destaques, a estrutura do tipo chassi e longarina deu lugar ao monobloco, o que se traduz em maior rigidez torcional e permitiu uma perfeita distribuição de peso, de 50% para cada eixo. Agora, cerca de 85% da carroceria é feita de alumínio, resultando na redução de peso de nada menos que 480 quilos, para pouco mais de 2.100 kg. Além de consumir menos combustível e, consequentemente, ter melhorado o nível de emissões de poluentes, o novo Discovery com motor V6 turbodiesel pode acelerar de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos.

Os números desse “regime” são ainda mais impressionantes considerando que Discovery 5 ficou 15 cm mais comprido que o anterior e agora mede 4,97 metros de comprimento e 1,84 m de altura. Além disso, o entre-eixos cresceu 4 cm (para 2,92 metros), que se traduzem em maior espaço interno para os passageiros.

O motor V6 turbodiesel (há também opção V6 a gasolina e duas 2.0 turbodiesel, de 190 e 240 cv) é silencioso e tem muita força em baixa rotação. São nada menos que 60 mkgf a partir das 1.750 rpm. O TD6 tem turbo único com sistema de recirculação dos gases do escapamento e bomba de óleo de duas fases, além de bicos injetores de combustível retrabalhados.

Combinado com o câmbio automático, que faz trocas rápidas e suaves (há opção de passar as marchas manualmente, por meio de hastes no volante) e a tração nas quatro rodas, o carro é um verdadeiro trator na hora de vencer obstáculos. Isso sem deixar de ser requintado.

Colaboram para o bom comportamento o sistema Terrain Response 2, que oferece quatro modos diferentes de condução, como sobre neve ou areia, e a suspensão a ar, que permite aumentar a distância livre do solo para encarar obstáculos difícieis. Tudos esses recursos são ativados eletricamente, por meio de botões e teclas no console central.

O espaço para bagagem varia de 258 litros, quando todos os bancos estão sendo utilizados, a 2.500 litros com a segunda e a terceira filas de assentos rebatidas. Com até cinco pessoas a bardo, a capacidade do porta-malas é de ótimos 1.137 litros. O único senão do carro é o acesso um tanto difícil ao sexto e sétimo assentos.

Outro sistema interesante é o de acesso à cabine. Quando o motor é desligado ou algum dos ocupantes destrava o cinto de segurança (indicando que pode estar prestes a descer do veículo), a altura da carroceria em relação ao solo é reduzida em 1,5 cm. Caso uma das portas seja aberta, o carro baixa de 2,5 a 4 cm, voltando à posição normal quando o motorista arrancar.

Em relação à conectividade, o Discovery 5 tem sistema multimídia (batizado de InControl Touch Pro) e tela de dez polegadas sensível ao toque. Com novo processador – mais rápido –, o dispositivo é compatível com TV digital, inclui navegador GPS e funções como controles do ar-condicionado.

Na Europa, o recurso permite conexão com até oito dispositivos, como celulares, por meio de wi-fi. Há ainda Bluetooth de série em nove entradas USB espalhadas pela cabine. O sistema de som, da marca Meridien, tem até 14 alto-falantes, subwoofer, 825 W de potência e disco rígido com 10 GB, que permite arquivar cerca de 2 mil músicas.

Também agradam o sistema de auxílio a manobras de estacionamento em vagas paralelas, teto solar, abertura do porta-malas por meio de movimentos dos pés (como chutes no ar sob a carroceria) e pulseira a prova d’água, que destrava as portas sem a necessidade de chave. Esse dispositivo estreou no F-Pace, priemeiro utilitário-esportivo da Jaguar, que pertence ao mesmo grupo.

Nos trechos off road, foi possível conferir toda a versatilidade do Discovery, que não esboçou qualquer tipo de reação que indicasse a impossibilidade de seguir pelo caminho desejado, qualquer que fosse. Basta o motoristra apontar o volante (com assistência elétrica e respostas muito diretas) para onde pretende ir e manter todos sistemas necessários ativados.

Basta um leve toque no acelerador para o motor reagir prontamente, despeando toda a sua força nos dois eixos. Nos trechos mais difícies do trajeto, como areia e lama, dá para perceber o funcionamento dos vários sitemas instalados no carro para que ele não fique na mão.

A suspensão a ar com gerenciamento eletrônico, por sua vez, mantém o carro firme em curvas e faz correções automáticas caso o motorista cometa alguma barbeiragem. Há ainda alerta sonoro que dispara se o veículo estiver saindo da faixa de rolamento delimitada sem que as luzes de seta sejam acionadas, além de aviso de risco de colisão dianteira, entre 5 e 80 km/h – se o condutor não reagir, o dispositivo aciona os freios de modo automático.

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