Procurando o tom
Discurso de paz do Brasil se espalha daqui para Ásia e Europa
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emLula está convicto que a reconstrução do país passa pela reinserção no sistema internacional. Em quatro meses de governo, foram dezesseis dias no exterior e sete países visitados. As pautas combinam acordos bilaterais, uma aproximação inédita do bloco sino-russo e o ativismo em torno da paz. A ideia é que cada viagem seja uma visita de trabalho, com o acompanhamento de ministros que negociam os termos da cooperação em diferentes áreas.
No caso de Portugal, a visita rendeu treze acordos, e na Espanha, mais três, abrangendo áreas como migração, ciência e tecnologia, turismo, comunicação, saúde, trabalho e educação. Até aqui a estratégia do governo parece bem-sucedida, com destaque para a ‘economia verde’, que obrigou os Estados Unidos a investirem no Fundo Amazônia, e com os avanços na discussão com empresários europeus para investimentos em hidrogênio verde.
Mas, se os resultados da política bilateral serão sentidos a médio e longo prazos, o que fica em primeiro plano são os comentários de Lula sobre a guerra na Ucrânia. Neste quesito, o imbróglio continua sendo achar o tom certo para tratar do tema. O presidente tem adotado um tom pragmático, falando em paz e priorizando as negociações para solucionar o conflito sem entrar no mérito de discutir responsáveis ou culpados.
E a estratégia do Brasil ganhou corpo com a entrada da China nas negociações de paz e a já agendada visita do assessor especial do governo brasileiro, Celso Amorim, à Ucrânia. O problema é que, num cenário internacional polarizado, a manobra não agrada a todos, ainda mais quando Lula alfineta os Estados Unidos e sua hegemonia financeira internacional ao apostar no Banco dos Brics. Por fim, mesmo concentrado na Ásia, no Oriente e na Europa, o discurso de paz do Brasil também colhe frutos na América Latina agora que Juan Guaidó saiu fugido para Miami e as relações entre Colômbia e Venezuela se tornaram mais amigáveis.