Há algo em jogo na disputa pelo Palácio do Buriti em outubro próximo. Não tem nada a ver com o maquiavelismo do Príncipe, muito menos com a podridão shakespeariana descrita no reino da Dinamarca. Os passos que estão sendo dados marcarão a renovação política a ser implantada em 2026. Duas sementes começam a ser cultivadas. E brotarão com força ao longo dos próximos quatros anos.
A renovação virá pelas mãos do ex-senador Paulo Octávio (PSD) e de Luiz Felipe Belmonte (PSC) cabeça de chapa e vice de uma aliança com maior potencial, hoje, para derrotar nas urnas Ibaneis Rocha (MDB). Vencedores agora, apesar das dificuldades que enfrentarão com Leandro Pedra no Sapato Grass, o empresário e o advogado querem ver seus herdeiros políticos continuarem e implantarem definitivamente um projeto totalmente voltado para os interesses da sociedade.
Pragmáticos e estrategistas, PO e Belmonte estão tranquilos quanto a eleição de André Kubitschek, do mesmo PSD do pai como deputado federal, e de Paula Belmonte, presidente regional do Cidadania, a distrital. Experiência no Congresso Nacional a deputada já tem, acumulada no seu atual mandato. Agora chegou a vez de sentir o cheiro do povo mais de perto, usando a tribuna da Câmara Legislativa como trampolim para ocupar o Buriti daqui a quatro anos. Será, como se diz de boca em boca, a ‘mãezona’ que Brasília precisa.
Já André, na disputa de 2026, trocará a Câmara dos Deputados por uma cadeira no Senado da República. Aprenderá mais, porque 2030 é logo ali. E como há um pacto de não-reeleição entre os dois grupos, já se pode dizer que quem comandará os destinos do Distrito Federal pelos próximos 12 nos tem nome e sobrenome. E JK, que vive nos corações de jovens e velhos eleitores, verá, de onde quer que esteja, seu sonho finalmente lapidado.
A guerreira
Sobre Paula Belmonte, há muito o que se dizer. Depois de três anos e meio (até agora, porque seu mandato se encerra no dia 31 de dezembro), onde é figura de destaque, a deputada federal recuou um passo para construir em quatro anos o curto caminho que separa a Câmara Legislativa do Palácio do Buriti. Há quem sustente que das cadeiras em disputa, uma já é dela. Restam, portanto, outras 23 para serem disputadas por grande parte de representantes do fisiologismo repudiado pelo eleitor.
Na campanha a deputada distrital, a candidata fará o que mais sabe: jogar a lupa e apontar os escândalos de corrupção na gestão de Ibanei. E não foram poucos no Governo do Distrito Federal. A gestão de Ibaneis Rocha, lembra a parlamentar, teve (e inda responde) por fatos como a operação Falso Negativo, denúncias no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges) e o uso político do BRB.
A nível nacional, sua marca de extirpadora do câncer da corrupção que domina o País, Paula viralizou nas redes sociais logo no primeiro ano do mandato, ao confrontar acusados de corrupção na CPI que investigou empréstimos bilionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Diante do ex-ministro Guido Mantega e do magnata Eike Batista, a deputada se indignou pedindo explicações sobre a perda de recursos vultosos em países como Cuba, Venezuela e Angola.
Como representante do Distrito Federal no Parlamento, Paula Belmonte foi uma das poucas vozes de oposição ao governo Ibaneis Rocha. Ela denunciou a compra superfaturada de testes rápidos contra covid-19, o preço elevado dos hospitais de campanha e a falta de critério do GDF nos lockdowns.
“Tenho e sempre terei uma postura independente, não importa quem seja o governador ou o presidente. Vou denunciar o que acho errado e apoiar o que beneficiar a população. Não tenho rabo preso com ninguém”, garante.
Assim como trabalhou para revelar as irregularidades no BNDES, a deputada Paula Belmonte poderá levar a público a gestão do BRB, que é de propriedade da população do Distrito Federal, mas que é – e todos abem disso -, utilizado como uma instituição de negociatas e joguete político.
O próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal instaurou procedimentos para apurar a inexplicável, prejudicial e supostamente fraudulenta parceria entre o Flamengo e o BRB. Além do patrocínio, o banco é sócio do clube carioca em um banco digital. Os técnicos do TCDF apuraram que houve um prejuízo de R$ 64 milhões em inadimplência, além da suspeita de fraudes em massa. A estimativa é que metade dos clientes do banco esteja inadimplente, o que provocou um impacto negativo nas contas daquela instituição financeira.
Além de ser um investimento duvidoso, já que o Flamengo é um clube do Rio de Janeiro, afirma a deputada, existe um conflito de interesses, uma vez que Ibaneis Rocha é torcedor do time. No ano passado, o governador abriu uma franquia de produtos oficiais do Flamengo, em sociedade com os filhos. E as moedas que caem nos cofres da loja fazem mais barulho do que torcida em dia de Fla-Flu decisivo.
Ainda sobre o BRB, o Ministério Público de Contas abriu uma investigação para apurar a legalidade da operação de compra dos naming rights do estádio Mané Garrincha. Trata-se do direito de dar nome ao estádio, que já é conhecido do público há décadas com a mesma denominação do eterno ídolo da torcida botafoguense e da Seleção Brasileira. O banco usou, como as pernas do jogador, linhas tortas para pagar 2 milhões 500 mil reais ao consórcio que administra o estádio para compensar o nome original para Arena BRB, o que boa parte da população desconhece.
Sangue de JK
Agora vamos a André, o grande parceiro nesse projeto político. Ainda beirando a casa dos 30 anos, o filho de Paulo Octávio e neto de JK tem política correndo no sangue. Como candidato a deputado federal, André Kubitschek não para em sua peregrinação pelos mais escondidos rincões do Distrito Federal. No sábado 27. por exemplo, ele esteve em Samambaia para visitar alguns estabelecimentos comerciais de Norte a Sul da cidade e a Feira Permanente 202.
Durante as ações, André aproveitou para conhecer projetos de assistência social que fazem a diferença para a comunidade e aproveitou para almoçar no Restaurante Comunitário, ao lado do deputado distrital Jorge Vianna (PSD) e de seu pai, o candidato ao Buriti Paulo Octávio.
O primeiro projeto social que André Kubitschek conheceu foi a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais , espaço para profissionalização de jovens de 15 a 29 anos. Ali são oferecidos cursos de informática, marketing digital, moda, jiu-jitsu, estética e confeitaria, entre outros. A associação está em 130 países e em todos os estados do Brasil. “É muito importante o trabalho da ADRA junto aos jovens, e desenvolvido em um ambiente muito organizado”, disse o candidato.
André Kubitschek também foi conhecer as obras do Instituto Embalando Sonhos, que fica na Expansão de Samambaia. Um lugar carente, mas que dá esperanças de uma capital digna a todos os cidadãos. Lady Laura, fundadora do projeto, apresentou o espaço ainda em construção e abriu as portas para o candidato. E disse que o instituto está aberto para quem quiser somar. “Somos como uma caixa de bombons: todos excelentes, mas diferentes”, destacou.
Os passos de Paula e André estão sendo marcados por onde eles passam. Estou entre os quase 30 anos de André e a quarentinha Paula. Nasci em Brasília. E quero ver, com os dois, a verdadeira Capital da Esperança, que eu cantava antes de as aulas serem iniciadas, no pátio da escola classe que frequentei. Hoje é sabido que a cidade, mais do que nunca, precisa despertar “num brado de orgulho e confiança” para mostrar que a esperança não morre.