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Disputa na Câmara gera intrigas e desenterra velhos fantasmas

A disputa pela presidência da Câmara Legislativa começa a ficar acirrada. São 24 deputados (incluindo o atual presidente Wasny de Roube, do PT) querendo sentar  (ou permanecer) na cadeira. Considerando que uma nova legislatura vai começar, Wasny pode ser reeleito. Mas outros nomes estão no páreo. E uma rede de intrigas começa a marcar o jogo do poder entre os distritais.

Ao menos cinco deputados, além do próprio Wasny, acreditam ter chances de presidir o Legislativo brasiliense no biênio 2015-16. Mas apenas Celina Leão (PDT) se declara abertamente na briga. Trabalhando nos bastidores, como quem avalia as chances de vitória, estão o também pedetista Joe Vale, o ‘xerifão’ Dr. Michel (PP), o hoje vice Agaciel Maia (PTC) e o novato Júlio César (PRB).

Há, porém, uma cadeira que pode mudar o time que está entrando em campo na tentativa de se apossar do gabinete da Presidência. Está do outro lado do Eixo Monumental, e pode vagar até o final do ano. É o cobiçado cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Wasny está de olho. E Dr. Michel confidencia a aliados que só desiste de lutar pelo comando da Câmara se for ele o indicado para o posto vitalício.

Se acontecer de Wasny ou Michel virar conselheiro, outro time entra na briga para presidir a Câmara. É o grupo capitaneado por Robério Negreiros (PMDB). São três deputados que supostamente contariam com o aval do PT, que tem a maior bancada na Casa, com quatro parlamentares.

Na esteira dessa costura, que envolveria o governador Agnelo Queiroz e o sucessor Rodrigo Rollemberg, estaria a ‘bancada evangélica’, que soma entre cinco e sete votos. Na pior das hipóteses, um empate técnico de um grupo homogêneo contra correntes dissociadas. E como o jogo de intrigas está apenas começando, seria fácil ao PMDB-PT atrair mais um apoio, o suficiente para assegurar a vitória.

Na eventualidade de vingar uma composição alternativa ao grupo do PDT, aliado do futuro ocupante do Palácio do Buriti e que tem em Celina Leão sua principal estrela, o campeão de votos Júlio César aceitaria ser vice, cedendo a cabeça de chapa para Robério Negreiros. Nesse desenho, aos pedetistas caberia 1ª Secretaria, possivelmente com Joe Vale; Dr. Michel seria feito segundo secretário, e o PT bancaria a terceira secretaria com Chico Leite.

Paralelamente ao avanço da disputa, foi aceso um pavio de pólvora que espalha intrigas por todos os lados. A ordem é provocar cizânia. Desenterram-se fantasmas e abrem-se feridas escondidas em velhos calabouços. Os alvos principais são Celina Leão e Joe Vale. Se os dois forem atingidos mortalmente, se estará transmitindo um recado direto a Rodrigo Rollemberg: a Câmara mudou, como mudará o governo, e não fará o papel de puxadinho do Buriti.

Contra Celina Leão, há a acusação de um gesto intempestivo. Mesmo antes de ser proclamada presidente, a deputada estaria agindo nos bastidores para resgatar Sandro de Morais Vieira, uma espécie de seu fiel escudeiro. A Sandro, hoje alojado em um gabinete do Anexo IV da Câmara dos Deputados, estaria reservada a secretaria-geral da Mesa. O cargo tem tantos poderes que o ocupante é conhecido como o 25º deputado.

Ocorre que o suposto apadrinhado de Celina Leão é uma espécie de persona non grata na atual legislatura. O ex-braço direito da deputada pedetista, quando a ela servir como assessor, foi tirado a força do plenário da Câmara Legislativa, ao confrontar os parlamentares e agredir verbalmente a líder do Governo Arlete Sampaio (PT). Um passado que, seguramente, desabona a indicação e que tira preciosos votos de Celina.

Quanto a Joe Vale, o hipotético lado pregresso do deputado diz respeito à sua passagem pela Secretaria de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, onde substituiu o eleito governador Rodrigo Rollemberg. Os processos contra ele no Tribunal de Contas da União são muitos. Embora a grande parte tenha sido arquivada, há um que cheira a bomba engatilhada prestes a ser detonada. Diz respeito a convênios com ONG’s envolvendo vários milhões de reais. Na melhor das hipóteses, um petardo de efeito retardado.

As cartas começam a sair das mangas para serem mostradas na mesa. As ações traduzem o som de dramáticas conspirações. Se o propósito é prejudicar alguém, com o sórdido desejo de espalhar perfídia, só o tempo dirá. Até lá, fica apenas uma certeza. Os deputados distritais são 24. Mas apenas um xerife poderá ser eleito.

Editado originalmente em naredecomjoseseabra.com.br

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