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Disputa por poder e dinheiro sujo racham velha Confraria do Agnelo

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O governador Agnelo Queiroz anda angustiado. Afora rápidas saídas para aparições públicas, parte da agenda eleitoral, ele tem reservado as horas do dia e da noite, que costumam se estender pela madrugada, para tentar conciliar um grupo de amigos íntimos que implodiu numa disputa ferrenha por poder e dinheiro.

Agnelo há muito tempo não consegue reunir numa mesma roda de conversa seus fiéis escudeiros Luiz Carlos Alcoforado, Abdon Henrique, Antônio Carlos Lins e Cláudio Monteiro. Os três últimos tiveram (Cláudio ainda detém) cargos de comando no governo. O primeiro é apontado como o cérebro de operações que fogem aos bons costumes quando se trata do dinheiro público.

A maior preocupação de Agnelo é colocar pano quente na crise. Ele teme consequências graves em um período eleitoral que definirá seu futuro político – e o dos seus amigos.

As noites insones de Agnelo começaram quando a bilionária proposta para fazer de Brasília um Centro Financeiro Internacional foi varrida por uma enxurrada de lama. Três bilhões e oitocentos milhões de dólares, vislumbrados com o Projeto Jurong,  viraram fumaça.

A disputa por poder e fatias de um dinheiro sujo que enriqueceria ainda mais a confraria colocou tudo a perder. E os recursos que viriam para a visionária Brasília dos 60 anos se perderam em fracassadas e açodadas negociatas nos Estados Unidos, Oriente Médio e Ásia.

Do lado de fora, acompanhando tudo, está o empresário Fernando Fantauzzi, presidente da WI do Brasil. A empresa é o braço direito da UWI International, dirigida pelo americano Joe Reeder e por A. Aditya, de Dubai. Reeder foi secretário das Forças Armadas do governo Bill Clinton. Aditya é produtor de petróleo com milhares de poços que fazem jorrar a riqueza árabe.

A pedido de Agnelo, o lado brasileiro da UWI International esboçou o projeto do Centro Financeiro Internacional de Brasília. Fantauzzi foi designado pelo governador chefe da missão responsável para tirar tudo do papel  e viabilizar uma utopia.

O empresário levou o governador aos cofres dos dólares e petrodólares.  Apostou em uma iniciativa sólida. Hoje Fantauzzi lamenta ter vivido uma ilusão criada por homens que, segundo ele, não merecem crédito.

Em busca da verdade que gira em torno das fantasias de Agnelo Queiroz da Brasília 60 anos, Notibras conseguiu localizar e conversar com Fernando Fantauzzi. A entrevista mostra que o presidente  da WI do Brasil imaginava negociar com pessoas sérias. Até que veio a decepção.

Fantauzzi responsabiliza Agnelo e seus confrades pela sangria dos 3 bilhões 800 milhões de dólares que viriam para Brasília. “Eles (Agnelo e seu grupo) têm práticas pouco republicanas. E de corruptos queremos distância”, sentenciou.

O empresário não mede palavras. Referindo-se particularmente a Agnelo e a Alcoforado, diz ter visto nos últimos tempos ações estúpidas.

– No auge das tratativas, fomos surpreendidos com atitudes pouco republicanas dessas pessoas. Foi uma surpresa desagradável. Estamos constrangidos porque tivemos demonstrações que ferem nossos hábitos. Esse tipo de conduta realmente não aceitamos”, afirmou Fantauzzi.

O presidente da WI do Brasil não descarta retomar os planos de investimentos num futuro próximo. Entretanto, por precaução, revela Fantauzzi, “tomaremos cuidados especiais e faremos realizar investigações profundas”.  Porque, segundo ele, se o grupo tiver de investir em Brasília, “será dentro de posturas corretas, éticas, republicanas, sem desvio, sem corrupção”.

Fernando Fantauzzi vive a maior parte do tempo dentro de um avião. Nas rotas estão Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Washington, Dubai, Cingapura… Mas nem por isso se esquivou de ser entrevistado por Notibras. Já Agnelo e Alcoforado, se recusam a falar. Cláudio Monteiro nega conhecer o presidente da WI do Brasil. E garante que o governador não recebe ordens do seu advogado. Abdon Henrique e Antônio Carlos Lins, não foram localizados.

José Seabra

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