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Doutor em tudo

DNA de pai e filho mancos alivia a mãe chorosa

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Dizem que aquele advogado, chamado de Doutor pra cá e pra lá, era a maior autoridade da região. Se alguém estivesse com qualquer problema, seja até mesmo picada de cobra, já corria lá na propriedade do Doutor. Para que médico, quando ali mesmo morava o Doutor?

Ele resolvia disputas de terras, reconciliava casais que já não se bicavam, até era capaz de fazer as pazes entre atleticanos e cruzeirenses. No entanto, havia uma situação que, talvez, fosse demais para o tal Doutor.

Um menino esbaforido de tanto correr chegou ao sítio do advogado, passou pela porteira, sempre aberta aos visitantes, e foi direto para a enorme varanda. Estirado numa rede, lá estava o Doutor, que quase não demonstrou reação, apenas observou o garoto.

– Doutor, o pai quer se separar da mãe!

Sem muita pressa, o homem se levantou da rede, pegou a garrafa de café posta à mesa ao lado, derramou um pouco numa xícara de louça colorida. O menino, ciente de que estava diante da autoridade máxima da região, apenas olhava com aqueles olhos maiores que a própria face. O Doutor sorveu um pouco do café, ao mesmo tempo em que olhava aquele menino mais magro que o gado em tempo de seca.

– Chame seus pais aqui agora.

O menino apenas assentiu com a cabeça e voltou correndo para a casa. Pouco tempo depois, lá estava ele com os pais, a mulher chorosa, o pai mais bravo que burro chucro.

– O que está acontecendo?

– Ela me traiu!

– Não traí não, Doutor!

– Por que você tá falando que ela te traiu, se ela está dizendo que não traiu?

– Olha esse menino, Doutor! Ele tem a pele mais escura que a minha e a dela. Ele não é meu filho!

O sábio observou com seus olhos atentos aquela situação. Pensou por um breve momento e, então, voltou-se para o homem queixoso.

– Quero que você e o menino andem até ali naquela jaqueira e voltem para mim, lado a lado.

O marido e o menino foram andando, enquanto o Doutor apenas observava. Assim que os dois cumpriram a ordem do advogado, este disse:

– Vocês dois andam mancando da mesma perna. Esse menino é seu filho! A sua mulher não te traiu!

– Tem certeza, Doutor?

– Claro que sim! Acabei de fazer o teste de DNA!

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