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Do zero e chão batido surgiu um sobrado na Mooca

Foto/Divulgação

Construir uma casa partindo do zero, em plena Mooca, um dos bairros mais tradicionais de São Paulo. Foi esse o desafio do arquiteto Victor Oliveira Castro, do escritório Odvo de Arquitetura e Urbanismo, ao ser procurado por um casal disposto a encarar uma construção completa, do projeto à decoração, para ver o seu sonho realizado. “Levantar uma casa em uma cidade consolidada como essa não é uma tarefa das mais fáceis. Mas os clientes tinham um lote urbano e avaliaram que seria muito melhor do que morar em um apartamento”, afirma ele.

Primeira constatação: apenas para erguer o sobrado, que hoje conta com 180 m², foi necessário demolir nada menos do que três pequenas construções que existiam no local. “O terreno ainda apresentava outros desafios, como o declive e o fato de ser muito estreito”, conta o arquiteto. Mas, ainda assim, Oliveira se propôs a equacionar todas essas variáveis e o resultado se apresenta, hoje, na forma de um arejado sobrado, com duas suítes, garagem, cozinha ampla, lavanderia, living e quintal.

“Fizemos estudos para simplificar a construção, mas sem abrir mãos dos fundamentos da boa arquitetura contemporânea. E isso envolve também levantamento de custos”, diz o arquiteto.

E foi com base nesses princípios que o processo se desenrolou. Inicialmente foi definido que o sobrado teria uma ordem invertida, uma vez que o terreno estava abaixo do nível da rua: assim, no térreo, há uma garagem e uma passarela que leva até o hall com acesso aos dois dormitórios e a escada, que leva ao andar inferior, onde está localizada toda área social e o quintal.

“Os proprietários queriam ter um contato mais direto com a natureza. E isso só seria possível se a gente colocasse a área social no piso inferior, como fizemos”, conta. Outra questão a ser observada envolvia a iluminação e a ventilação. Por o terreno ser estreito, essas duas funções não poderiam ser resolvidas pelas laterais, como é feito geralmente. “Imaginamos três pontos pelos quais a luz poderia entrar por cima e iluminar o andar de baixo: um na garagem, por meio de uma passarela; outro no centro do terreno, pelo pátio envidraçado; e um ao fundo”, explica.

O resultado propiciou um andar bem ventilado, em contato direto com o quintal e totalmente integrado com a cozinha, com o espaço da churrasqueira e com a lavanderia, que foi recebeu um grande painel de azulejos.

“A simplicidade foi nossa grande aliada”, diz Oliveira. A questão custo-benefício também pesou nas escolhas do arquiteto. O piso, por exemplo, é de cimento queimado, assim como a bancada da cozinha. As paredes são brancas para garantir uma melhor difusão da iluminação. Por fim, folhas de vidro que podem ficar abertas, ou não, determinaram um pequeno pátio entre a cozinha e a sala de estar.

Toda essa otimização ajudou a imprimir uma atmosfera clean e minimalista. A sensação de amplidão no piso inferior é outro ponto que chama a atenção. Para não entulhar a cozinha, os armários ficam na parte interna da escada e as portas de madeira acabam por compor o que o arquiteto chama de ‘leveza’ nos ambientes.

As cores, quando existentes, ficam por conta do mobiliário e de um segundo painel, agora no living, onde tons de verde foram explorados. “A gente conseguiu oferecer aos clientes uma vista de dentro de casa e outra externa, do quintal para fora”, comemora Oliveira. O que se aproximou ainda mais do que os moradores queriam. “Na área externa tem dois pés de café que ficaram. Tem a sombra de um abacateiro e parte da copa de uma pitangueira do vizinho. Isso é que é se sentir em casa”, finaliza.

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