Dezenas de pessoas se reuniram na manhã deste domingo (5) de Páscoa para prestar solidariedadae à família do menino Eduardo de Jesus, baleado e morto na porta de casa no Conjunto de Favelas do Alemão, na última quinta (2).
O ato começou com cerca de 20 pessoas e acabou com 50. Os manifestantes colocaram uma cruz na areia e, de preto, carregaram um caixão branco pela orla. Por conta do forte calor, alguns ativistas se abrigaram debaixo de guarda chuvas. O baixo número de participantes provocou um desabafo de Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, organizadora do evento. “(O ato) é para mostrar a solidariedade da classe média com o Complexo do Alemão. Era para a Zona Sul inteira estar hoje em Copacabana”, afirmou.
Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, brincava no celular na porta de casa nesta quinta (2), quando foi baleado. A família da criança acusa os policiais militares, que faziam uma operação na comunidade, de ter dado o tiro que matou Eduardo. Na sexta (3), a morte do menino gerou protesto de moradores na região. Houve confronto entre a PM, que lançou bombas de gás e spray de pimenta, e manifestantes. Sábado, houve um novo protesto na comunidade, dessa vez sem repressão da PM.
Pelo menos outras duas pessoas foram atingidas por balas perdidas no Alemão desde a tarde desta quarta (1º) – uma mulher morreu e a filha dela ficou ferida. No total, além de Eduardo, outras seis pessoas foram baleadas em dois dias – três morreram.
Os pais de Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, morto durante operação policial no Conjunto de Favelas do Alemão na última quinta-feira (2), embarcam neste domingo (5) para o Piauí, estado natal da família, onde o corpo do menino será enterrado. O voo sairá às 11h15 do Rio em direção a Teresina. De lá, Teresinha Maria de Jesus Ferreira, o pai de Eduardo e mais duas irmãs de Eduardo vão para o município de Corrente, no interior do Piauí.
Por determinação do governador Luiz Fernando Pezão, as despesas com o traslado e o sepultamento do corpo do menino Eduardo, assim como a viagem dos pais, serão arcadas pelo governo do estado. Técnicos da Secretaria estadual de Assistência Social prestam assistência e dão amparo psicológico à família do menino.
O delegado da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, disse aos pais de Eduardo que a Polícia Civil não medirá esforços para punir os responsáveis pela morte do menino. “Vamos nos empenhar ao máximo para chegar aos culpados. Não vai ter proteção a ninguém. É preciso definir quem atirou e punir os responsáveis”, disse o delegado.