Tempos de UnB
Dona Irene e o engenheiro agrônomo que virou veterinário e cronista
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emAssim que comecei a namorar a Dona Irene, ela me perguntou:
— Por que a gente não faz outra faculdade?
Pois bem, eu sempre gostei muito de exatas e respondi:
— Matemática!
Pra quê? Ela fez uma cara de nojo, como se eu tivesse esmagado uma barata com as mãos.
A minha namorada me mostrou uma lista enorme de cursos possíveis e, então, quase me obrigou a escolher engenharia agronômica. A Dona Irene disse que iria tentar educação física. E lá fomos fazer a inscrição pro vestibular da UnB. Todavia, ao invés de estudar para a prova, preferimos gastar o nosso tempo namorando. Por sorte ou sei lá o quê, passamos.
As aulas começaram e lá íamos os dois para a universidade. Nós nos encontrávamos na hora do almoço. Tudo ia muito bem, até que, antes mesmo de completarmos o primeiro semestre, a Dona Irene me vem com essa:
— Edu, vou largar o curso, pois fui promovida no trabalho e não vou ter tempo para estudar.
Aquilo foi um soco na boca do estômago! Mas fazer o quê? Então, disse para ela:
— Acho que vou largar também.
A minha amada, assim que terminei de falar, me lançou um olhar furioso e quase gritou:
— Tá maluco? Depois de tudo o que fiz por você? Você vai ser engenheiro agrônomo! Pronto e acabou!!!
Como quase sempre tive juízo, tratei logo de obedecer o amor da minha vida.
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*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.