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Tempos de UnB

Dona Irene e o engenheiro agrônomo que virou veterinário e cronista

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Acervo Pessoal

Assim que comecei a namorar a Dona Irene, ela me perguntou:

— Por que a gente não faz outra faculdade?

Pois bem, eu sempre gostei muito de exatas e respondi:

— Matemática!

Pra quê? Ela fez uma cara de nojo, como se eu tivesse esmagado uma barata com as mãos.

A minha namorada me mostrou uma lista enorme de cursos possíveis e, então, quase me obrigou a escolher engenharia agronômica. A Dona Irene disse que iria tentar educação física. E lá fomos fazer a inscrição pro vestibular da UnB. Todavia, ao invés de estudar para a prova, preferimos gastar o nosso tempo namorando. Por sorte ou sei lá o quê, passamos.

As aulas começaram e lá íamos os dois para a universidade. Nós nos encontrávamos na hora do almoço. Tudo ia muito bem, até que, antes mesmo de completarmos o primeiro semestre, a Dona Irene me vem com essa:

— Edu, vou largar o curso, pois fui promovida no trabalho e não vou ter tempo para estudar.

Aquilo foi um soco na boca do estômago! Mas fazer o quê? Então, disse para ela:

— Acho que vou largar também.

A minha amada, assim que terminei de falar, me lançou um olhar furioso e quase gritou:

— Tá maluco? Depois de tudo o que fiz por você? Você vai ser engenheiro agrônomo! Pronto e acabou!!!

Como quase sempre tive juízo, tratei logo de obedecer o amor da minha vida.

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*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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