As cearenses Alaíde e Adelaide
Dondocas no século XX, amigas descobrem as rugas
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Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo
Alaíde e Adelaide poderiam se passar por irmãs pelas ruas de Fortaleza, apesar de nem serem parentas. No máximo, primas distantes, conforme certas circunstâncias familiares que, para manter as aparências, é melhor deixar sob o tapete.
Mas deixemos a fofoca de lado, mesmo porque o mundo anda tão ligeiro, que periga aparecer história mais interessante do que a que presenciei há quase um mês, durante a comemoração de aniversário do Juca, neto das duas, que, além de amigas, são consogras.
— Alaíde, ando com umas ideias aqui na minha cachola.
— Que ideias, Adelaide?
— Plástica.
— Plástica?
— É. Tô toda enrugada.
Alaíde olhou a amiga e pareceu não dar muita bola. Tentou mudar de assunto, mas foi logo interrompida. Adelaide queria porque queria atenção total para o seu problema.
— Marquei consulta com um cirurgião plástico.
— É mesmo?
— É. Aliás, por que você não vem junto? Assim, pode também fazer uma consulta.
— Por quê?
— Ué, você também está com uns pés-de-galinha.
— Sei disso.
— Então?
— Então, o quê?
— Vamos juntas?
— Não.
— Mas por quê, mulher?
— Por que o quê?
— Por que não quer ir comigo?
— Porque não e pronto!
— Ih, já vi tudo!
— O quê?
— Depois que eu fizer plástica, vou ser a novinha que anda com a velha.
— Sem problema.
— Sério que você não liga?
— Nem um pouco.
— Não acredito que você não se importa com essas rugas também.
— Adelaide, eu aguento.
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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