Bartô Granja
Depois de raspar o fundo do tacho para promover a venda direta de lotes, a Terracap está descobrindo que deu um tiro no pé. Ao invés de contar com sonhados 5 bilhões de reais na conta (cada lote terá um preço médio de 200 mil reais) a estatal abriu as portas nesta segunda-feira, 8, como quem vive um pesadelo.
O desespero surgiu com a informação de que associações de condomínios começam a avaliar a possibilidade de mover ações na Justiça, para que ninguém pague em duplicidade por uma terra que é do condômino de fato e de direito. A expectativa é de que processos se estendam ao longo dos próximos anos. Até lá, o dinheiro sonhado vira pó.
Na pior das hipóteses, argumentam moradores de condomínios atingidos pela decisão da Terracap, o governo deve responder por negligência, ao permitir que pseudos proprietários acusados de grilagem tenham agido livremente, vendendo lotes à luz do dia a pessoas de boa fé.
“Comprei, paguei, registrei, construí. Pago imposto, luz, água e telefone. A Terracap, querendo, que vá bater na porta de quem me vendeu”, avisou um proprietário que pede anonimato temendo futuras represálias.
A Terracap, alheia a eventuais ações na Justiça, corre contra o tempo para iniciar o processo de cadastramento dos moradores do Ville de Montagne, o primeiro condomínio a ser selecionado no projeto ‘venda direta’. Na estatal, é tida como certa a quinta-feira, 11, como data de início dos trabalhos.
Otimista com o projeto – criado por meio de decreto do governador Rodrigo Rollemberg assinado na semana passada -, o engenheiro agrônomo Júlio César Reis, presidente da empresa, já prevê mais condomínios na lista. Entre eles estariam, o Solar Brasília e as etapas I, IV e VI do Jardim Botânico.