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Caos na saúde pública

Dor de esperar na fila é maior que a dor do parto

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva - Foto de Arquivo

A capital do país, Brasília, deveria ser um exemplo de eficiência e qualidade em todos os aspectos, especialmente na saúde pública. Contudo, o que se observa nas filas intermináveis dos hospitais é um retrato caótico de uma realidade dolorosa que vai além das paredes frias e impessoais dos corredores.

Imagine a cena: uma mulher em trabalho de parto, já com as contrações intensas, sentindo que a chegada de seu bebê é iminente. Ela, que deveria estar cercada de cuidados, atenção e segurança, encontra-se em uma batalha contra o tempo e a indiferença. Ao seu redor, o cenário é desolador – enfermeiros correndo de um lado para o outro, médicos sobrecarregados, pacientes espalhados por macas e cadeiras improvisadas.

O desespero toma conta. A dor física se mistura ao medo do desconhecido, da incerteza. Mas há uma dor que talvez seja ainda maior, que corrói por dentro: a dor de esperar. A dor de esperar por um atendimento digno, de esperar por um médico que não está disponível, de esperar por um espaço onde ela possa ter seu filho com o mínimo de dignidade.

A cada minuto que passa, a agonia aumenta. A mulher se sente invisível em meio ao caos, uma estatística em um sistema que parece não ter alma. O relógio marca o tempo, mas para ela, cada segundo é uma eternidade. O que deveria ser um momento de alegria se transforma em um pesadelo interminável.

As histórias que se acumulam nos corredores da saúde pública de Brasília não são apenas números em relatórios; são vidas impactadas de maneira profunda e irreversível. Cada mulher que passa por essa experiência traumática carrega consigo as marcas de um sistema falido, que não consegue cumprir seu papel mais básico: cuidar de quem mais precisa.

A dor do parto é uma dor intensa, mas temporária. No entanto, a dor de uma saúde pública ineficaz é constante, persistente, e se reflete em cada rosto abatido que espera por atendimento. A dor de esperar se torna, paradoxalmente, uma dor que nunca passa.

E assim, a mulher, que deveria ter como única preocupação trazer ao mundo uma nova vida, se vê presa em um sistema que a faz questionar se haverá espaço para mais uma vida em meio ao caos. O que era para ser um dia de alegria se torna um lembrete cruel de que, em Brasília, a dor de esperar é, muitas vezes, pior do que a própria dor do parto. E a CPI dos Distritais, vai dar um jeito nisso?

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