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Doria, o candidato teflon, pode ser queimado logo

Alberto Bombig

Poucos nomes apontados como postulantes à Presidência em 2018 possuem uma estratégia tão clara quanto o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Até agora, o plano político dele, em linhas gerais, consiste em martelar a tecla do antipetismo, manter-se fora da Lava Jato e apostar que a rejeição dos brasileiros a Michel Temer não vá contaminá-lo.

Sobre este último ponto, Doria, por enquanto, conserva aquilo que os políticos chamam de “candidato teflon”, o feito antiaderente consagrado pelas melhores frigideiras. Apesar do apoio a Temer, Doria manteve um bom patamar na mais recente pesquisa Datafolha (10%) e a rejeição dele (20%) é a segunda menor entre os avaliados pelo instituto. O desgaste de Temer não colou em Doria.

O exemplo clássico do “teflon” é Lula, que já se abraçou com Maluf, Renan, Sarney e Jader Barbalho, mas só perdeu musculatura quando se agarrou a Joesley Batista e a Marcelo Odebrecht e acabou implicado na Lava Jato. Lula se mantém no topo da mesma pesquisa, porém sua rejeição é a mais alta.

Doria avalia que apoiar a gestão de Temer não lhe cobrará um preço alto. Na verdade, sairá até barato se o atual presidente conseguir tirar da frente de seu sucessor reformas e medidas impopulares, mas importantes para o País.

A outra perna da estratégia passa justamente por Lula. Numa eleição provavelmente coalhada de candidaturas, um nome que atraia para si o voto antipetista (ou antilulista) esclarecido terá grandes chances de avançar ao segundo turno. Por isso, Doria não se cansa de criticar Lula e falar de sua missão: derrotar o ex-presidente nas urnas.

Pragmático, o prefeito de São Paulo sabe que derrubar Temer agora é fazer o jogo de Lula e do PT, naturalmente, os grandes opositores do presidente.

O risco da estratégia é que até as melhores frigideiras francesas, se mal conservadas, acabam perdendo o Teflon.

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