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Doria obriga Planalto a dar jeito na vacina

A definição sobre o uso de uma vacina contra a Covid, que o presidente Jair Bolsonaro preferiu levar para o campo político numa guerra fratricida com o governador de São Paulo João Doria, está provocando estresse emocional na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. E quem mais está sofrendo diante de tanta pressão é o ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

No meio do tiroteio, e fazendo o papel de escudeiro de Bolsonaro, o general disse na terça, 8, em reunião com governadores, que caberia à União e não aos Estados elaborar um plano de vacinação. E que a previsão para o início da campanha seria em meados de março. Pazuello tentou, assim, jogar água na vacina chinesa que Doria está produzindo no Butantan, em parceria com a Sinovac, para ser aplicada em janeiro.

Mas, diante de tanta pressão psicológica e em meio a vozes confiáveis que indicam que o Brasil pode usar uma vacina aprovada por um mínimo de quatro países, sem a anuência prévia da Anvisa, Pazuello decidiu, no início da tarde desta quarta, 9, afirmar que a vacinação pode ser iniciada ainda em dezembro. Desde que, ponderou, a Pfzer disponha do imunizante.

Ocorre que a Pfzer não dispõe do produto para pronta entrega – e isso foi informado ao governo brasileiro na semana passada. Para piorar a situação, e consideradas sempre as afirmações de Pazuello, a Pfzer sequer pediu o registro da sua vacina no Brasil, embora o produto já comece a ser utilizado em caráter emergencial em alguns países europeus.

No Congresso Nacional, poucos oposicionistas que se encontram em Brasília ironizaram o ministro, dizendo que o general está mordendo a própria língua e que teria sido obrigado por Bolsonaro a anunciar em cima da hora o início de uma vacinação que ele sabe não ter condições de promover.

Enquanto isso, João Doria mantém seu ritmo, esperando que chegue 25 de janeiro para deslanchar uma campanha que livrará os paulistas da ameaça da Covid. O antídoto é a Coronavac, já empregada na China. E se a lei valer, será empregada no Brasil. Com ou sem aval da Anvisa.

 

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